Na famosa obra do escritor americano William Styron, publicada em 1979 e baseada em fatos reais, a polonesa Sofia Zawistowka, sobrevivente do campo de concentração de Auschwitz, é forçada por um oficial nazista a escolher entre seus dois filhos, Jen e Eva, qual deles seria exterminado na câmara de gás. A obra acabou sendo levada para o cinema em 1982, ganhando ampla notoriedade e um Oscar para atriz Meryl Streep.
Então, pode-se dizer que a expressão “A escolha de Sofia” invoca a imposição de se tomar uma decisão difícil sob pressão e enorme sacrifício pessoal. E assim vejo o governador João Azevêdo (Cidadania) no árduo caminho para decidir quem será seu vice na chapa majoritária em 2022, assim como o candidato ao Senado que ele apoiará no pleito do próximo ano.
Será, sem dúvida alguma, uma decisão regada pelo diálogo, estando o agir com diplomacia no primeiro plano, a fim de evitar dissabores, como eventuais baixas daqueles partidos políticos e suas respectivas lideranças que hoje apoiam o chefe do Executivo paraibano. E a “Escolha de Sofia” pode servir como perfeita metáfora posta na mesa de Azevêdo.
Mikika Leitão coloca mais pressão
Há uma pressão enorme sobre o ocupante do Palácio da Redenção. Articulações dos interessados em ocupar as duas vagas na majoritária são e estão sendo realizadas nos bastidores com suas respectivas bases. Nesta segunda-feira (26) foi a vez do presidente municipal do MDB e vereador de João Pessoa, Mikika Leitão, colocar mais pressão na panela, durante encontro com o comando estadual da sigla a qual pertence.
Experiente na arte do fazer política, Leitão, que já ocupou uma cadeira na Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), vem de uma família de notórios políticos paraibanos, e sabe como agir em momentos que exigem certa liderança. Prova maior foi defender no encontro já citado o nome do vice-presidente do Senado, Veneziano Vital do Rêgo, como um bom nome para disputar o governo do estado em oposição a João Azevêdo.
E ainda mais: havendo uma composição com o ex-senador Cássio Cunha Lima (PSDB), no intuito de fortalecer as legendas. Muitos veem as palavras do presidente municipal do MDB como um simples “balão de ensaio”. Eu observo sinceridade na sua linha de raciocínio, mas, como afirmou o deputado estadual Raniery Paulino, integrante do quadro emedebista paraibano, o momento de Veneziano Vital não é agora.
Ele tem mandato de senador e acho pouco provável seu desejo de enfrentar Azevêdo, partindo do preceito que é aliado do governador, estando sua esposa, Ana Cláudia, ocupando a titularidade da Secretária de Estado da Articulação e do Desenvolvimento Social da Paraíba.
Inclusive, Ana Cláudia é uma das cotadas para a vice-governadoria na chapa de João Azevêdo, daí vir a lógica de Mikika Leitão em lembrar que o MDB tem força na Paraíba. O recado foi dado para todos, escuta quem deseja.
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