O deputado Cabo Gilberto – fina flor do pensamento bolsonarista na Paraíba – conseguiu uma proeza improdutiva de causar espanto: por mero capricho e notória postura de vitimismo eleitoreiro ele, sozinho, vem fazendo com que o Poder Legislativo relegue a sua pauta produtiva a um plano secundário para discutir a cavilação do parlamentar.
Negacionista convicto da ciência, o Cabo Gilberto se recusa a tomar a vacina contra o coronavirus, apesar de vivermos uma pandemia que se arrasta há dois anos com um déficit de 600 mil mortes. Mais que isso, resolveu desrespeitar resolução da Mesa-Dretora da Assembleia que veta o acesso às dependências da Casa a qualquer um – deputado ou não – que não esteja vacinado.
O Cabo não somente não se vacinou como adentrou ao plenário da Assembleia desrespeitando a tudo e a todos.
O presidente da Casa de Epitácio Pessoa, Adriano Galdino, tem sido prudente nas reações às atitudes descabidas do parlamentar. Prefere não cair na onda do bolsonarista que, a despeito da postura que se recomenda a um parlamentar, atropela as regras como quem busca “sofrer” alguma reação: como ser impedido pelos seguranças da Casa, o que lhe daria uma projeção que ele jamais teve com seus discursos barulhentos e projetos de relevância duvidosa.
A Paraíba tem problemas sérios demais para perder tempo com tanta besteira. Enfrenta uma crise hídrica sem precedentes, em que até a região mais prodiga em água (o Brejo) está virando “Sertão”. Uma crise que tem contornos de sinal amarelo caminhando aceleradamente para o vermelho, como alerta do caos iminente a que estaremos todos sujeitos se as autoridades não agirem o quanto antes.
Pois bem, apesar do leque de problemas graves que o Estado enfrenta e que exige atenção muito detida da Assembleia, a Casa de Epitácio Pessoa praticamente dedicou todo o seu tempo, nos últimos dias, a tentar uma solução para o impasse desnecessário gerado pelo Cabo Gilberto.
O jovem deputado bolsonarista perde, com essas suas atitudes barulhentas, a chance de realizar um grande mandato; de fazer uma oposição ao governo estadual muito produtiva, criativa, sobretudo crítica, apontando soluções para tantos problemas que já temos, e não gerando mais.
Não. O que mais tem projetado o deputado Cabo Gilberto, neste seu primeiro mandato? O barulho, a zoada, o grito improdutivo, o jogo de cena que provavelmente mais desgasta do que agrega algum valor.
Até quando?
A pergunta que mais se tem feito, a partir da tarde desta quarta-feira (6/10), é: até quando a Casa de Epitácio Pessoa vai ficar a reboque do espetáculo do deputado Cabo Gilberto?
Será possível que um Poder composto por 33 deputados permaneça engessado em suas ações por birra de um único parlamentar de relevância nenhuma na história política da Paraíba?
Há até quem aposte que, agindo atabalhoadamente com está, ávido por espaços generosos na mídia, o Cabo Gilberto pode estar cavando a sua própria cassação.
Sim, porque a Assembleia Legislativa não pode permanecer engessada nas suas ações, tampouco ser desmoralizada.
Portanto, em o deputado Gilberto insistindo em desrespeitar a Casa de Epitácio Pessoa, corre sério risco de ter seu mandato submetido ao Conselho de Ética.
E numa votação em que toda a Paraíba estará atenta sobre quem ficará do lado do certo ou do errado…
Aguardemos.