A oposição na Paraíba finalmente começa a dar as mãos para tentar retirar o governador João Azevêdo (Cidadania) do Palácio da Redenção. A intenção, pelo que se viu na manhã desta segunda-feira (21), é formar uma coalizão de forças bem encorpada para, em 2022, disputar com reais chances o governo do estado.
O problema, pelo que noto, é a quantidade de estrelas em uma só constelação, estando aí o perigo da vaidade e disputa de egos. Claro, ainda é muito cedo para afirmar que conflitos internos podem vir, mas é evidente que todos buscarão seu lugar ao sol. Quem estará figurando a chapa majoritária? Quem irá disputar uma vaga para o Senado?
Essas são perguntas certas, que na hora certa, respostas virão. Mas é preciso entender que não há condições de todos marcharem juntos em um primeiro turno. Os moinhos de vento tendem a girar com bastante força na seara política, o que deve se repetir na Paraíba “velha de guerra”.
Contudo, o efeito “união” antes mesmo de começar a partida é válido, e muito, pois uma fragmentação nos primeiros instantes das conversações só beneficiará João Azevêdo, que já vêm trabalhando nos bastidores com várias lideranças políticas que o apoiam.
Pandemia e a política
Faz-se evidente que a prioridade é debelar a pandemia, mas conversas e acertos, ou desacertos políticos de forma tardia podem se configurar em derrota. E a mesma equação serve para a oposição e situação.
João Azevêdo e seus aliados
A robustez dos aliados do governador João Azevêdo não pode ser desprezada, em hipótese alguma. Ao seu lado está o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, Adriano Galdino – que hoje está no PSB – mas que irá para o Avante quando a janela partidária se abrir; a grande maioria dos deputados estaduais e federais, o senador Veneziano Vital do Rêgo e sua mãe, a também senadora Nilda Gondim (MDB), o prefeito de João Pessoa, Cícero Lucena ( Progressitas), e outros tantos de peso político significativo da Paraíba.
O ensaio da oposição e sua força
No encontro de hoje a oposição começou a exibir seu rosto. Presentes estavam o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), os deputados estaduais Camila Toscano (PSDB), Anderson Monteiro (PSC), Tovar Correia Lima (PSDB), Cabo Gilberto (PSL) e Wallber Virgolino (Patriota), além do secretário do Governo Bolsonaro, Sérgio Queiroz. Figuraram, ainda, na foto os deputados federais Ruy Carneiro (PSDB) e Pedro Cunha Lima (PSDB), além do presidente do PTB da Paraíba, Nilvan Ferreira.
As dúvidas da oposição e situação
É bom lembrar que há dúvidas no posicionamento do PT em apoiar João Azevêdo. O presidente da legenda na Paraíba, Jackson Macêdo, já revelou que a sigla só apoiará o governador caso o chefe do Executivo paraibano esteja com o ex-presidente Lula já no primeiro turno.
O problema é que a direção nacional a qual Azevêdo é filiado defende uma “terceira via” e descarta apoio às candidaturas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Outra grande incógnita reside na senadora Daniella Ribeiro (Progressitas). Ela já informou que disputará o governo da Paraíba. Seu irmão, Aguinaldo Ribeiro, que é deputado federal e também filiado ao PP, vem buscando levar a irmã para as hostes governistas.
E nesse intrincado jogo familiar ainda pode ser encontrada a figura do vice-prefeito de Campina Grande, Lucas Ribeiro (Progressistas), que vem a ser filho de Daniella Ribeiro, e comunga o mesmo pensamento do prefeito da Rainha da Borborema, Bruno Cunha Lima (Solidariedade), que faz oposição sistemática a Azevêdo.
Cartaxo e Ricardo Coutinho na berlinda
Então, leitor, o jogo só está começando. Acontecimentos surpreendentes virão até 2022 chegar no cenário político paraibano. E não serão poucos. Vale lembrar, também, os nomes do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) e do ex-prefeito de João Pessoa, Luciano Cartaxo (PV). Mesmo com todos os óbices eleitorais que recaem sobre eles, ambos dizem estar no páreo. Pelo menos esse é o discurso.
Coutinho afirma ser candidato ao Senado, Cartaxo ainda não se manifestou sobre o cargo que pretende concorrer. Mas a situação de ambos é de difícil resolução, a começar por estarem praticamente isolados politicamente.
Para piorar, o ex-governador está inelegível até outubro do próximo ano, conforme decisão do TSE. Já Cartaxo tem a rejeição das contas da Prefeitura da capital referente a 2019 pensando contra. Ele poderá se tornar inelegível por oito anos.
As contas do ex-prefeito foram reprovadas pelo Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) em maio deste ano. O relatório foi encaminhado para a Câmara Municipal de João Pessoa (CMJP). Será lá que o destino político do ex-gestor virá a ser conhecido.