Enquanto – entre milhares de problemas muito sérios – falta medicamentos, leitos e até gesso no Trauminha, a Prefeitura de João Pessoa, com a autorização da Câmara Municipal, vai torrar dinheiro público com (pasmem!) o Botafogo da Paraíba.
Botafogo do meu coração, por sinal; mas uma coisa não tem nada a ver com a outra.
Ouvi no rádio, nesta quinta-freira (15), que a Câmara Municipal de João Pessoa aprovou, por unanimidade, a doação de uma verbinha de R$ 500 mil para o Belo; e que está sendo criada uma comissão para acompanhar os gastos, mas, de antemão, segundo o vereador Marcus Henriques, essa grana será subtraída de uma verba destinada à restauração da Estação Ciência.
Conhecendo as coisas, como a gente conhece, podemos insinuar que a tal comissão não passa de um araque, para a sociedade pensar que o gasto está sendo produtivo fiscalizado.
Cusparada
Gente, isso é uma cusparada na cara da população de João Pessoa. Sobretudo das camadas mais pobres, que neste Brasil de estupidez, está ficando miserável; daqueles que gemem nas macas de hospitais; dos que dormem nas ruas.
É demais, torrar dinheiro público com times profissionais de futebol, que tem renda própria; se beneficia das famosas “rendas” amealhadas nas bilheterias dos estádios que, quase sempre, não batem com o público presente ao “espetáculo”…
Enquanto isso, a fila do osso aumenta nos hospitais. E esta semana, um ouvinte ligou para uma emissora de rádio, P da vida, porque um parente seu, acidentado, voltou do Trauminha porque não tinha (pasmem!!!!!) gesso para os procedimentos básicos.
É preciso acabar com essa imoralidade que é o poder público está gastando o nosso dinheiro com time profissional de futebol. Seja ele Botafogo ou qualquer outro, não interessa Até porque estes times são empresas privadas, geralmente muito mal administradas e cujas gestões relaxam geral na certeza de que, na hora da quebradeira, o Estado e a Prefeitura tapam o rombo.
Enquanto isso
E a prática não é de hoje. Quando eu estava no programa Correio Debate, inúmeras vezes condenei a doação, pelo Governo do Estado, na gestão de Ricardo Coutinho, de verbas para o Botinha, ou para qualquer outro time.
O que faz a Prefeitura pelo esporte amador? Este sim, vive duro, liso batendo, numa realidade cruel em que atletas e professores de Educação Física se viram nos trinta para sustentar a onda. Detalhe: é dalí, daquela base desprestigiada pelo poder público que saem os atletas.
O esporte amador padece de todas as dificuldades, não tem renda própria. Este, sim, merece uma atenção especial do poder público.
Mas times profissionais, os Botafogos, Trezes e Campinenses da vida?! Não.
Estes são empresas privadas. Portanto, se virem. Façam espetáculos, em vez dessas peladas ridículas que expulsa o povo dos estádios.
Danado é que as pessoas que padecem de necessidades não têm a quem reclamar. Vai se queixar a quem? A esses órgãos fiscalizadores, que só têm coragem de ir pra cima de quem pede o poder; que se acovardam quando os poderosos estão encastelados em seus palácios com a canetinha cheia de tinta?
É triste, mas é verdade.
Wellington Farias
PB Agora