Só estive uma vez com o pastor Sérgio Queiroz, da Igreja Cidade Viva. Foi quando o entrevistei no programa Dedim de Prosa, na TV Assembleia, que a então chefe de Comunicação da Casa de Epitácio Pessoa, a jornalista Beth Torres, me brindou com a chance de realizar um sonho: ancorar um programa de entrevistas na TV naquele formato.
Mais aí é outro assunto. Vamos ao que mais nos interessa, agora:
Fiquei positivamente impressionado com a pessoa humana Sérgio Queiroz; achei-o uma criatura admirável; um homem coerente com o que pensa, o que diz e o que pratica.
Queiroz, o pregador, pertence à ala dos pastores sérios – que não são poucos, por sinal; não usa o nome de Deus em vão, muito menos para assaltar o bolso dos fiéis: vive do que ganha como funcionário público federal concursado, não mete a mão na grana da instituição que dirige e que presta inestimáveis serviços à sociedade paraibana; e tem uma história pessoal digna dos melhores registros.
Juro por Deus que, se fosse habituado a frequentar igrejas, como católico que sou, prestigiaria (por que não?!) os cultos do pastor Sérgio, sem necessariamente ter que abrir mão da minha crença e da minha igreja de origem: a Católica Apostólica Romana.
O faria, sim. Simplesmente por saber que, no culto do pastor Sérgio, Jesus é palavra de ordem como o caminho para Deus; não para caça níquel, nem para a exploração das ovelhas, para o assalto e o enriquecimento ilícito às custas de quem já não tem muito.
Virando a moeda
O pastor Sérgio agora surge como uma possibilidade de nova liderança política. Pelo que se deduz do que ele declarou ao jornalista Luiz Torres, na TV Arapuan, está notoriamente na iminência de atender a um eventual chamamento do presidente Jair Bolsonaro, para ser o candidato do bolsonarismo a governador da Paraíba, em 2022, embora diga que a palavra final é a divina.
Em se confirmando a candidatura do pastor Sérgio, este indiscutivelmente irá agregar muita seriedade e credibilidade ao projeto do “Messias”, na Paraíba. Pela sua história, pela confiança que conquistou dos paraibanos, sejam católicos, evangélicos, afro-religioso, espíritas etc. e tal.
Enquanto o pastor Sérgio agrega valores ao projeto bolsonarista, a recíproca não é verdadeira, pois, o bolsonarismo é uma mácula na imagem do religioso protestante.
Na mesma proporção do impacto positivo que tive do pastor Sérgio, na entrevista para o Dedim de Prosa, fui negativamente impactado quando o vi permitir-se auxiliar de um projeto de governo misógino, preconceituoso, ameaçador da democracia e, segundo a voz rouca das ruas, de Norte a Sul do Brasil, genocida responsável pela morte de quase todos os 500 e tantos mil brasileiros que perderam a vida da Covid-19, e que poderiam ter sido salvos não fosse o negacionismo que é quase uma política pública deste governo.
O bolsonarismo macula, indiscutivelmente, uma das melhores biografias das figuras públicas da Paraíba de hoje, que é o pastor Sérgio.
Tiro por mim. Tiro (do verbo tirar e não o disparo): não entendi como uma criatura com aquela compreensão da vida, com tamanha e verdadeira fé em Deus, se permita a participar e apoiar um projeto de governo envolvido com milícias, que prega o ódio, a intolerância, a truculência e a estupidez. Um projeto capitaneado por um homem que, na área onde mais entende das coisas não passou de capitão; que foi considerado mal soldado pelos superiores de farda; que declarou em alto e bom som, que não estupraria uma deputada porque ela não merecia. Não merecia no sentido de que a parlamentar não teria o “privilégio” de ser estuprada por ele. Um homem que tem como referência um torturador asqueroso como o tal Ustra; que vive ameaçando as instituições pilares do estado democrático de direito.
Sinceramente, para quem tem a melhor das impressões do pastor Sérgio, como eu tenho, é difícil acreditar como ele mergulhou nesse mar de águas turvas.
Por qualquer outra razão eu, como cidadão, daria meu voto ao pastor Sérgio, sem pestanejar.
Mas estando ele envolvido em projetos políticos e de gestão como o de Jair Bolsonaro, jamais teria o meu sufrágio.
Porque não há como se esperar que o Brasil volte à prosperidade, aos seus melhores tempos, em todos os sentidos e áreas, apostando em algo que tenha a frente uma criatura com a alma e a ignorância de um Jair Messias Bolsonaro.
Deus me livre. A mim e a todos nós…