Um dos mais deploráveis textos que li, em toda a minha vida, foi o publicado na edição da Folha de São Paulo da terça-feira (7).
Da lavra de Hélio Schwartsman, editor de opinião do jornal paulistano, e sob o título “Por que quero que Bolsonaro morra”, o texto é uma perigosa e inaceitável concessão à banalização da morte, contrariando o que há de mais sagrado para nós, seres humanos: a preservação da vida.
As alegações do jornalista têm amparo numa tal “ética consequencialista”, segundo a qual, as ações são corretas ou incorretas em função das suas possíveis consequências ou resultados. O próprio Schwartsman é quem dá o exemplo: “No plano mais imediato, a ausência de Bolsonaro significaria que já não teríamos um governante minimizando a epidemia nem sabotando medidas para mitigá-la”.
Por esta linha de raciocínio significa, sem maiores arrodeios, que se as atitudes de alguém estão causando a morte de outros, que este morra.
Se tem que ser assim, quantos políticos devemos submeter à esta nova modalidade de pena de morte? Sim, porque quando o político rouba, causa morte aos milhares, seja por falta de hospitais, de teto e até de comida.
E não pense que o efeito letal desse tipo de roubo demora mais. Não! Agora mesmo, em plena pandemia, muitos estão morrendo em função, também, da precariedade da nossa rede pública de saúde, situação esta decorrente, em grande parte, também da roubalheira dos políticos.
O texto do tal Hélio Schwartsman também me fez lembrar que, num dos livros de Zygmunt Bauman, onde está registrado que, para justificar o extermínio de algumas centenas de crianças, em campos de concentração, um general nazista teria criado a famosa desculpa: “Não se faz omelete sem quebrar os ovos”.
Não morro nem um pouco de amores pelo presidente Jair Bolsonaro, que uma meia dúzia ainda insiste em chamar de “mito”. Não votei nele, nem votarei jamais, até pelas razões mencionadas pelo autor do texto da Folha.
Não desejo e nem torço, porém, para que o presidente morra, seja de facada, de coronavírus ou vítima de qualquer outra coisa.
Para mim, desejar que o próximo morra é anticristão. E quando insinua no título que quem deseja a morte de Bolsonaro é igual a ele, é porque ainda dói nos meus ouvidos declarações do então deputado do baixo clero, Jair Bolsonaro que, ao ser abordado sobre aquele momento do governo da presidente Dilma, declarou que desejava que ela contraísse um câncer e morresse o quanto antes.
Mas não é só o jornalista da Folha de São Paulo que está a desejar o pior para Bolsonaro. Há uma legião de opositores do atual presidente brasileiro que também deseja vê-lo sob sete palmos de terra.
Estes, naturalmente, também são exatamente igual ao “mito”.
Wellington Farias
PB Agora
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