O desejo, assim como a razão, são “peças” fundamentais que diferem o ser humano de outros animais. E o desejar do ex-governador Ricardo Coutinho (PSB) em ser candidato ao Senado nas eleições de 2022 é perfeitamente natural. O problema é que ele mesmo não sabe se estará elegível ou não para disputar o pleito.
Contra Coutinho tramita na Justiça Comum e Eleitoral uma série de processos, o que pode aniquilar seu sonho em buscar um assento no Senado. Não é segredo que o caso mais rumoroso está contido na chamada Operação Calvário.
Pesa contra ele uma denúncia formulada pelo Grupo de Atuação Especial Contra o Crime Organizado do Ministério Público do Estado da Paraíba (Gaeco). Ricardo Coutinho é apontado como líder de uma suposta organização criminosa (Orcrim) que, dentre os atos ilícitos, estaria a distribuição de propinas e desvio de verbas nas pastas da Saúde e Educação enquanto esteve o socialista à frente do Executivo Estadual.
Agora surgiu outro problema sobre os ombros de Ricardo Coutinho. Na última sexta-feira (04) o Tribunal de Contas do Estado da Paraíba (TCE-PB) apontou gastos na ordem de R$ 5,9 bilhões com codificados durante a gestão do ex-governador. Outras irregularidades foram observadas, como a abertura de um crédito especial de R$ 250 milhões sem a devida autorização legislativa.
Observado tais fatos a Corte rejeitou por unanimidade os balancetes do socialista referentes ao exercício de 2017. Agora o parecer seguirá para a Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB), Ministério Público da Paraíba e à Receita Federal.
Mas o destino efetivo da problemática enfrentada por Coutinho reside, mesmo, na ALPB, Casa que o ex-governador tem poucos aliados. E sendo mantida a rejeição das contas o socialista se tornará inelegível, seguindo os ditames da lei Ficha Limpa.
E nesse turbilhão de reveses, não custa observar que o ex-governador amargou um simplório sexto lugar no pleito de 2020, quando disputou o cargo para prefeito de João Pessoa. O outrora imbatível Ricardo Coutinho foi aniquilado por seus adversários, obtendo, apenas, 38.969 votos válidos.
Ou seja; 10,68 % dos sufrágios, enquanto o vencedor do pleito, Cícero Lucena (Progressistas), recebeu 20,72 % de toda a totalização. Em linhas gerais 75.610 votos válidos. E nessa maré violenta que navega Coutinho, conta ele com a seguinte máxima: “O povo tem memória curta”, principalmente os eleitores que residem nos municípios interioranos mais afastados da capital, apostando que terá nesse público uma expressiva votação.
De forma simples, Ricardo Coutinho afirma, com veemência, que será candidato ao Senado. E sim, ele pode. Tem chances de obter êxito? Claro! Mas chagará a disputar o pleito? As chances a cada dia diminuem devido a tantos problemas legais que está e estará enfrentando até 2022. Agora é aguardar o desdobramento desse filme que parece ter sido escrito por Hitchcock.