O telhado de vidro já foi confeccionado, e o ex-prefeito de Campina Grande, Romero Rodrigues (PSD), busca anular o impacto dos meteoritos que tentam macular sua administração enquanto ex-gestor da Rainha da Borborema por dois mandatos. E tais objetos vindos de galáxias desconhecidas estão inseridos na chamada “Operação Famintos”.
O dispositivo investigativo tenta provar um suposto esquema criminoso que desviava dinheiro público, principalmente do Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), desde 2013. São investigadas fraudes em licitações, superfaturamento de contratos administrativos, lavagem de dinheiro, organização criminosa, corrupção ativa e corrupção passiva. O trabalho é efetivado entre a Polícia Federal, o Ministério Público federal e a Controladoria Geral da União (CGU).
E nos desdobramentos da investigação o Ministério Público Federal (MPF) apresentou, na terça-feira (10), as alegações finais no processo que apura o envolvimento de ex-servidores que atuavam na gestão do Romero Rodrigues, cujo escopo da denúncia está pautado em supostas fraudes na aquisição da merenda escolar, como afirmei antes.
Como já era esperado, Romero Rodrigues diz acreditar na inocência dos seus ex-subordinados, dos quais o MPF solicitou que fossem condenados o ex-secretário de Administração da prefeitura de Campina Grande, Paulo Roberto Diniz, e dos ex-secretários de Educação Rodolfo Gaudêncio, Iolanda Barbosa e Verônica Bezerra; além de mais 17 investigados. O rombo aos cofres públicos campinense está na ordem de R$ 11 milhões, conforme aponta a investigação.
E nesse caudaloso rio de denúncias, o ex-prefeito parte para o combate em uma estratégia puramente defensiva, informando acreditar na conduta ilibada dos seus ex-auxiliares. Romero Rodrigues sabe que, caso sejam confirmadas as denúncias, o seu nome será lançado no fogo das dúvidas, o que, aliás, já está, pois enquanto chefe do Executivo municipal de Campina Grande à época dos supostos delitos, deveria estar ele ciente dos acontecimentos e denunciar seus ex-colaboradores, além de exonerá-los de imediato, caso constatada a fraude de forma administrativa.
Mas não foi isso que fez. Ficou em silêncio, como um menino ingênuo que não sabe diferenciar o certo e o errado. E pior: busca alimentar uma versão de não culpa, mas que, por hierarquia administrativa, tem ele culpabilidade indireta por ter exercido o cargo máximo na gestão municipal da outrora Vila Nova da Rainha. E aqui vale ressaltar que todas as partes envolvidas são meramente investigadas, cabendo à Justiça indiciá-las ou não.
E no avançar da maré, Romero Rodrigues começa a perder fôlego eleitoral, até que seja provado o contrário no que diz respeito às supostas ilicitudes ocorridas na sua gestão. Agora resta a todos aguardar o desfecho de toda à problemática.