Quem perde e quem ganha, com este iminente rompimento político do governador João Azevedo com o seu antecessor Ricardo Coutinho?
Só quem ganha é a oposição que, massacrada nas urnas, nas eleições passadas, vislumbra a possibilidade de até ressurgir das cinzas. No mais, de alguma forma todos perdem.
Perde João Azevedo, perde Ricardo Coutinho, perde sobretudo a Paraíba, que poderá ter interrompido um processo de crescimento e de desenvolvimento iniciado por volta da 2011.
O governador João Azevedo perde na medida em que os reflexos políticos de um eventual rompimento podem ser bastante danosos ao seu projeto administrativo. Afinal, qual será a base de sustentação política do governo, efetivamente sólida e confiável?
No cenário que se vislumbra, o governador João Azevêdo terá a oposição (naturalmente) contra a sua gestão; terá, por outra via, um apoio duvidoso do Centrão da Paraíba, que estará com o governo apenas na medida em que suas demandas forem atendidas, e não de forma incondicional; e não terá mais a seu favor (o que é muito pior e um grande risco para a governabilidade) a sua base de origem e o seu partido (PSB), onde estão fincadas as suas raízes verdadeiras e sólidas raizes.
Com um rompimento, João Azevedo ficará totalmente vulnerável. Passará a ter um governo com pés de barro. Indiscutivelmente, enfrentará dificuldades para impor as condições necessárias par tocar o projeto como tem que ser. Competência de gestor, não se discute: tem de sobra; honestidade e zelo com a coisa pública, idem. Mas, infelizmente, não basta para os padrões da nossa velha e viciada política. O governador precisa, acima de tudo, ter uma base de sustentação verdadeira e incondiconalmente confiável, que lhe dê respaldo total.
Se João Azevêdo não tomar cuidado, pode virar mamulengo nas mãos das raposas velhas da política. E correrá sério risco de ter que recorrer até a adversários históricos, na tentativa de compor uma base mínima de sustentação para o seu governo, que jamais será o mesmo sem seus aliados de origem. Talvez, até, tenha que buscar ajuda de raposas velhas para sobreviver politicamente. Ai seria a entrega fatal do ouro ao bandido…
No campo político, João é um noviço, não tem experiência, falta-lhe traquejo e corre sério risco de ser iludido na sua boa-fé…
Provavelmente não tem faltado gente para encher a cabeça de João Azevêdo de que ele é a maior autoridade do Estado, é dono da caneta mais poderosa etc e tal. Mas não é bem assim. A propósito, lembremos de Tarcísio Burity que fez um dos maiores governos da história da Paraíba, no primeiro mandato. Reelegeu-se com seus próprios méritos, um invejável portfólio de gestão, mais e meio-mundo de votos. Com prestigio, poder, caneta e tudo mais, levou uma rasteira da Assembleia Legislativa para nunca mais encontrar o prumo, chegando a atrasar os salários dos funcionários por um semestre inteiro.
Wellington Farias
PB Agora