Passados 60 anos a frase “o Brasil não é um país sério”, atribuída ao ex-presidente da França, Charles de Gaulle, para só depois o embaixador do Brasil em Paris, Carlos Alves de Souza, assumir que foi ele o autor da reflexão, continua espantosamente atual.
É incompreensível que o terceiro país no mundo com o maior número de casos confirmados do novo coronavírus, atrás de Estados Unidos e Rússia não tenha um ministro da Saúde para comandar as políticas necessárias a fim de minimizar o número de mortes diárias resultantes da Covid-19 e estabilizar o avanço da pandemia.
As secretarias estaduais de Saúde atualizaram, na manhã desta quinta-feira (21), os dados sobre a pandemia do novo coronavírus no país. Até o momento, são 18.894 óbitos registrados, 293.357 casos confirmados e 116.683 recuperados. Só nas últimas 24h da quarta-feira (20) foram contabilizados 888 óbitos.
Exposto tais números, repito a frase de Carlos Alves de Souza. “o Brasil não é um país sério”. Fala-se na economia, no avanço alarmante da doença, porém, a tônica ou o imbróglio nacional reside na politização de um medicamento com ares de presidente da República. Trata-se da Cloroquina; como se esse “ser mágico” pudesse resguardar os vivos e ressuscitar os mortos.
Pior que isso, os líderes cegos da extrema-direita e esquerda insuflam seus súditos a defenderem ou serem contrários ao bendito ou maldito medicamento, a depender da bandeira ideológica de cada um, desviando o foco principal que são as políticas públicas de saúde para combater o avanço do novo coronavírus.
Após dizer “ainda bem que a natureza, contra a vontade da humanidade, criou esse monstro chamado coronavírus”, o ex-presidente Lula pediu desculpas pela fala na quarta-feira (20). Seu arqui-inimigo, o presidente da República, Jair Bolsonaro recomendou aos quase lunáticos da direita que tomem Cloroquina e os da esquerda, Tubaína, um refrigerante à base de xarope de guaraná. Daí já se pode observar o buraco que o país se encontra.
O Brasil não é um país sério. E pior: temos uma esquerda cega e intolerante, uma direita também cega e intolerante. E um “Centrão” que adora esse tipo de desgraça. Bom senso é uma atitude rara de se ver nos políticos brasileiros, pois utilizam seus cargos para usufruto próprio. E a sociedade? Fica entre a Tubaína e a Cloroquina. O Gosto amargo e doce. Essa é a Nação verde de raiva e amarela de vergonha.
Eliabe Castor
PB Agora