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Opinião: vereador preso toma posse e desmoraliza a Justiça Eleitoral

Vou colocar meu cérebro em uma nave interestelar para saber como as coisas funcionam em outros planetas, noutras dimensões; pois aqui na Terra ninguém é normal. Todos nós somos regidos por leis e códigos confusos, cujas famosas “brechas” para escapar das supostas penas legais são rotineiras.

E aqui está minha perplexidade em relação à posse do senhor Fábio Júnior Alves de Andrade (PP), que foi posto no cargo para vereador em uma cerimônia que aconteceu por videoconferência, na última nesta sexta-feira (1º). Ele foi eleito para o Parlamento Mirim do município de Marizópolis, Sertão paraibano.

Nada de estranho em relação à posse via online, caso estivesse ele, por exemplo, doente. Mas não é bem assim que os fatos se deram. Fábio de Nego Chico, como é conhecido, está encarcerado na Colônia Penal do município de Sousa desde o dia 18 de dezembro.

Ele cumpre prisão temporária de 30 dias e é suspeito de participar de um assalto que aconteceu em Sousa, também no Sertão do estado, quando três homens se passaram por policiais e roubaram dinheiro e cheques de um empresário.

E o mais curioso em tudo isso. O Tribunal Regional da Paraíba, seguindo normativas do Tribunal Superior Eleitoral alegou que são as Câmaras Municipais que elaboram seus respectivos regimentos internos e as decisões são de responsabilidade dos parlamentares. E o mais incrível: absurdos como esse acontecem não só na Paraíba, mas em outros estados.

No Paraná há um caso ainda mais grave

O vereador Diogo Michel Canata (PL) foi reeleito em Alvorada do Sul com 251 votos nas eleições municipais. Entretanto, o parlamentar está preso desde julho do ano passado suspeito de tráfico de entorpecente após uma ação realizada pela Divisão Estadual de Narcóticos.

Na operação deflagrada pela Polícia Civil, o irmão de Diogo Michel Canata também foi detido e, na residência dele, foram encontrados 30 quilos de crack, duas armas de fogo, quatro veículos e uma quantia em dinheiro. As investigações apontam que o vereador reeleito era o chefe da organização criminosa e que o grupo vendia e distribuía as drogas em cidades da região.

Conforme a Câmara Municipal de Alvorada do Sul, o parlamentar estava sem receber salário desde sua prisão e sua cadeira permanecia vazia no Legislativo. O seu suplente, Anderson Borges, do PR, assumiu vaga no dia (23) de novembro.

A defesa de Canata irá recorrer da decisão, utilizando o mesmo expediente do seu colega paraibano. Ou seja; buscará a Mesa Diretora da Casa a fim de dar posse ao presidiário por meio de vídeoconferência. Então fica a pergunta eternizada pela voz estridente de Renato Russo: “Que país é esse?”. E outra provocação fica aqui: alguém duvida que Canata pode se dar bem?

Eliabe Castor
PB Agora

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