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Orestes Quércia é sepultado em SP

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O corpo do ex-governador Orestes Quércia foi sepultado com honras militares por volta das 9h20 deste sábado (25) no Cemitério do Morumbi, na zona Sul de São Paulo. Centenas de carros acompanharam o cortejo entre o Palácio dos Bandeirantes e o local do sepultamento. O prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM) acompanhou a cerimônia. O governador Alberto Goldman decretou luto oficial de sete dias.

O velório do ex-governador, morto na sexta-feira (24) foi reaberto ao público por volta das 7h30 deste sábado (25). Durante a noite e a madrugada, apenas a família teve acesso à cerimônia, realizada desde as 14h de sexta na sede do governo paulista.

Durante a tarde de sexta-feira, o corpo do ex-governador recebeu visitas do governador Goldman, do prefeito Kassab e de sua vice, Alda Marco Antônio, do governador eleito de São Paulo, Geraldo Alckmin, e dos senadores eleitos Aloysio Nunes Ferreira (PSDB) e Marta Suplicy (PT), além de outros políticos e empresários.

Quércia, de 72 anos, estava internado no hospital Sírio Libanês, onde tratava de um câncer na próstata. No início de setembro, ele teve diagnosticado a volta da doença que havia sido tratada há mais de dez anos. Dias depois, o peemedebista desistiu de sua candidatura ao Senado para tratar a doença. Ele deixa a mulher, Alaíde, e cinco filhos.

Na tarde de sexta, Alckmin foi uma das primeiras autoridades a chegar ao velório. "Deixo aqui a nossa homenagem, nosso carinho , nosso sentimento e nossas orações", afirmou.

Aliado político de Quércia no PMDB até 1997, o atual governador de São Paulo, Alberto Goldman, descreveu Quércia como o político fundamental para reinstalar a democracia no país. Para Goldman, que deixou o PMDB para integrar o PSDB, não foi uma suposta insatisfação com Quércia que gerou o racha entre lideranças peemedebistas que deu origem ao PSDB.

"Eu conheço essa história em detalhes e posso dizer que a fundação do PSDB não tem nada a ver com as divergências internas do PMDB. Nada disso. A relação dele com Mário Covas era perfeita", afirmou.

Goldman disse que Quércia teve participação importante na campanha municipal de 2008, quando deu apoio ao prefeito Gilberto Kassab (DEM) apoiado por parte do PSDB. Na ocasião, Kassab ganhou contra parte dos tucanos, que apoiavam o então candidato Geraldo Alckmin. Para Goldman, Quércia teve papel importante também na eleição de 2010, ao abrir mão de sua candidatura em favor de Aloysio Nunes Ferreira (PSDB), eleito para o Senado e pelo apoio a Alckmin para governador.
 

 

O governador disse que Quércia representa um estilo de fazer política. "Quando de sua eleição pelo Senado (em 1974) ele foi muito pressionado. Ele sempre mostrou têmpera excepcional até os últimos dias de sua vida e agora nesse momento eleitoral. Ele era um homem que falava o que pensava, ele cumpria compromissos. Era uma política do fio de bigode. Não precisava escrever e registrar em cartório. O conversado estava combinado. "

Outro aliado de Quércia, Aloysio Nunes reconheceu o apoio em 2010. "Ele foi muito importante para a vitória do governador Geraldo Alckmin e para a minha vitória", disse Nunes. O senador tucano lembrou que Quércia ‘abriu uma brecha na ditadura com sua vitória ao Senado (1974) e organizou o MDB, além de ter sido um grande governador."

Marta Suplicy (PT) disse na sexta-feira que Quércia "teve papel relevante na redemocratização." Ela afirmou que compareceu ao velório representando a si mesma. "Não falei com ninguém. Eu soube de manhã. Na hora do almoço saí para vir dar um beijo na dona Alaíde", afirmou, referindo-se à viúva de Quércia.

Orestes Quércia nasceu em Pedregulho, no interior de São Paulo, em 18 de agosto de 1938. O empresário foi vereador, deputado estadual, senador, vice-governador e governador do Estado de São Paulo. Construiu a maior parte de sua trajetória política dentro do PMDB, algumas vezes em oposição aos rumos da direção nacional do partido.

Quércia viveu com a família parte da infância nas cidades de Franca e de Campinas. Foi em Campinas, quando ainda era adolescente, que deu os primeiros passos na política estudantil, envolvendo-se no grêmio da Escola Normal Livre. Nesse mesmo período, trabalhou como repórter do “Diário do Povo”.

Escolheu cursar direito na Faculdade de Direito da Universidade Católica de Campinas. Na faculdade coordenou o jornal do centro acadêmico. Trabalhou como locutor entre 1959 e 1963 nas rádios Cultura e Brasil, além de trabalhar no “Jornal de Campinas” e na sucursal do jornal “Última Hora”.

Começou na política em 1963, quando foi eleito vereador em Campinas pelo Partido Libertador. Filiou-se ao Movimento Democrático Brasileiro (MDB) após o Ato Institucional nº 2. Pelo MDB, em 1966, foi eleito deputado estadual. Voltou para Campinas em 1969 para assumir a prefeitura da cidade.

Nas décadas de 70 e 80, Quércia tornou-se um dos políticos mais influentes no estado conquistando apoio de políticos do interior. Em novembro de 1974, venceu a disputa ao Senado. Em setembro de 1979, apresentou proposta de emenda constitucional convocando uma assembleia nacional constituinte. Em Campinas, no mesmo ano, fundou o “Jornal Hoje”, publicação posteriormente incorporada ao “Diário do Povo”.

Já no PMDB, em 1982, foi eleito vice-governador na chapa de André Franco Montoro. Em novembro de 1986, derrotou Paulo Maluf na disputa pelo governo do estado. Após a série de vitórias nas urnas que teve seu ápice no governo do estado, o peemedebista não venceu nenhuma outra eleição. Concorreu à Presidência da República em 1994, mas ficou em quarto lugar. Em 1998, tentou voltar ao governo de São Paulo, mas recebeu apenas 4,3% dos votos válidos.

No governo paulista, Quércia investiu na reforma de estradas, construiu o Memorial da América Latina e criou a Secretaria do Menor. O político também atuou como empresário nos ramos imobiliário e de comunicação, além de investir no setor agropecuário. Após deixar o cargo de governador, Quércia foi presidente nacional do PMDB entre 1991 e 1993.

Em 2010, chegou a lançar candidatura ao Senado. Enquanto o seu partido articulou uma aliança para a eleição de Dilma Rousseff, Quércia e o PMDB paulista ratificaram o apoio já estabelecido ao PSDB, que lançou José Serra como candidato. Em setembro, o peemedebista anunciou, por meio de carta, a desistência da candidatura.

O motivo da desistência foi o diagnóstico do retorno de um tumor de próstata que havia sido tratado há mais de 10 anos. “Entendo que essa atitude, nesse momento, apesar de difícil, é a mais correta a bem dos interesses da Coligação, do meu Partido, do meu estado e meu interesse em recuperar minha saúde", diz Quércia na carta. Após a o diagnóstico, Quércia começou o tratamento com sessões de quimioterapia e ficou internado 36 dias, entre agosto e outubro.
 

G1

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