Desde que campanha política é campanha política que os candidatos apresentam suas promessas – ou propostas – e, ao término de seus mandatos, muitas delas não são cumpridas. O problema (para este tipo de candidato, é claro) é que, a cada eleição, o eleitor tem se apresentado mais atento à ameaça de estelionato eleitoral, em face do exagero com o qual os candidatos apresentam suas promessas.
Quem não se lembra da campanha de 2010, quando o Senador e candidato à reeleição Efraim Moraes (DEM) falava da proposta do décimo terceiro do Bolsa Família? Mesmo sabendo que o projeto por ele apresentado no Senado era inconstitucional (gerava despesa sem previsão orçamentária), ele mandou ver.
Tanto que até mesmo o candidato a Governador Ricardo Coutinho (PSB) aproveitou a ‘onda’ e também prometeu pagar o décimo terceiro a quem tem Bolsa Família. Pagou? Nem pagou no ano passado nem vai pagar este ano nem em nenhum outro ano de seu mandato.
Nas eleições deste ano em Campina Grande já pude ver algumas dessas promessas, que, estão na cara: são simplesmente mirabolantes e inexeqüíveis. É só assistir ao guia eleitoral, no rádio ou na TV, para perceber o que estou falando. Da mesma forma, vi algumas promessas que não podem ser cumpridas simplesmente porque o candidato está prometendo algo que já existe. Só ele não sabe…
E vou citar aqui alguns exemplos:
– Construir 200 creches em Campina Grande – considere que a obra de uma creche custa algo em torno de R$ 5 milhões. Multiplicando, chegamos à bagatela de R$ 1 bilhão. Isso mesmo, R$ 1 bilhão. É o orçamento de um ano da Prefeitura de Campina. Além do mais, considerando um mandato de 4 anos (48 meses), seria uma média superior a 4 creches por mês – ou mais de uma creche uma por semana!!!
– Distribuir tablets com estudantes – uma aberração. Primeiro porque a Prefeitura não pode comprar bens para distribuí-los assim, como está sendo dito. O máximo que poderá é disponibilizá-los através de um termo de cessão de uso. Depois, imagine o problema que não causaria para as crianças, que virariam alvo preferido de assaltantes.
– Adotar Escola em Tempo Integral em todas as unidades escolares de Campina – outro absurdo. A escola que passa a ter tempo integral tem que abrir mão de metade de suas vagas. Por exemplo: imagine que uma escola funciona nos turnos manhã e tarde e que os alunos que estudam pela manhã passarão para a modalidade de tempo integral. As do turno da tarde terão que deixar a escola, porque as vagas serão preenchidas pelas crianças da manhã, integralmente, nos dois turnos. Então, em tese, o candidato teria que dobrar o número de escolas para adotar tempo integral em todas. Além do mais, nem todas as crianças tem a necessidade de estudar em tempo integral. E nem todos os pais querem isso…
– Criar o Banco do Povo – só se for um segundo, pois o Banco do Povo existe na Agência Municipal de Desenvolvimento – AMDE há anos…
– Dividir a cidade em Distritos Sanitários – e o candidato não sabe que esta divisão já existe?
Por isso é bom que as pessoas prestem bem atenção ao que está sendo prometido, porque depois não adianta reclamar, choramingar. Imagine que cada candidato pode estar pensando algo do tipo: prometo e depois da eleição a gente vê o que é possível fazer. Não pode ser assim. Desta forma é faltar com a verdade e com a sinceridade. Pra não dizer outra coisa…