Confesso aos leitores meu equívoco ao prevê a eleição de Mariana Silva que não soube aproveitar os ventos que varreram as ruas em meados do ano passado e a carga emocional da tragédia da morte de Eduardo Campos.
Marina agiu realmente de forma tímida, limitada e contraditória, como alguém do PT do B, quando deveria ter se apresentado à nação como a boa nova, a presidente que encerraria o ciclo de desmandos e corrupção que acometeu o atual governo. Resumindo num dito popular “o cavalo passou selado e ela não montou”. Acho improvável que tenha outra chance…!
Saudei, anos atrás, a eleição de Dilma Rousseuf com forte esperança que infelizmente esvaeceu com as práticas do seu errático governo, pródigo em adotar medidas eleitoreiras e confusas para economia e que nos legaram o menor índice de crescimento de nossa história republicana.
O combate “aos maus feitos” que prometera foi apenas uma tirada de marketing, já que andou em más companhias e os indicados a muitos cargos públicos, inclusive de ministro de estado e na Petrobras, provinham da mesma confraria apta a assaltar os cofres da viúva, como visto no “processo do mensalão” e está se repetindo no desenrolar das investigações da Polícia Federal, que investiga não porque a presidente manda, mas por dever institucional.
Já disse neste espaço, que opera no Brasil um sistema político-econômico altamente contaminado pela corrupção que une o privado e o público em prejuízo deste. É um filme que se repete há décadas, com substituição apenas dos atores principais e coadjuvantes.
É hora da Justiça Brasileira (bem remunerada e independente) exercer de verdade e com a força legitimadora da lei, o papel de protagonista que os cidadãos dela esperam, punindo não só políticos corruptos, mas também empresários corruptores, pois sem a quebra desse elo, o sistema político continuará refém da corrupção e do mau governo.
Na aplicação das leis penais, o Juiz deve punir e educar pelo exemplo, dando concretude ao que os ingleses chamam de “legal education”, só assim desestimulará os infratores com a certeza da punição e isso não tem ocorrido no Brasil. A justiça tem esse papel educativo e já nos ensinava o líder da Confederação do Equador, em 1824, aqui ao lado, em Pernambuco, que “um povo ignorante é um povo selvagem e bárbaro”.
O nome do nosso desafio, já o disse e não é novo, chama-se ética, a qual desafia todo o sistema, inclusive o modelo econômico que deve ser eliminado das zonas escuras por onde transitam os interesses escusos de empresários e políticos. Melhor regulamentar os lobbies, como ocorre nos Estados Unidos, para que empresários e trabalhadores defendam seus interesses aos olhos de todos.
É preciso que a luz da transparência chegue às grandes corporações e empresas que reservam para si parte importante do PIB do país, sempre dispostas a superfaturar obras e serviços e remunerar os detentores dos cargos com poder de influência política e/ou de decisão na estrutura do estado.
Penso que sopram ventos de mudança capazes de acender fogueiras que iluminem as nossas instituições e o país, pondo fim ao vergonhoso apagão ético.
Em tal conjuntura que me perdoe quem pensa diferente, um segundo mandato à presidente não se afigura como o melhor para o país, pois para muitos – quiçá a maioria –, falhou em nos oferecer um bom governo.
O revezamento no exercício do poder é a marca do regime democrático, não sendo o momento vivido pela nação adequado ao continuísmo do PT à frente da presidência da república, isso pode nos conduzir a um perigoso ponto de inflexão, a soluções à margem das regras democráticas, como se assiste, por exemplo, na vizinha Venezuela.
Que soprem os benfazejos ventos e o povo seja o arauto da mudança e que a ardente fogueira ética purifique o país da corrupção…!
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