O ex-vereador e ex-deputado estadual Padre Adelino (PSB, na foto ao lado) está sugerindo ao prefeito da Capital, Luciano Agra (também socialista, como ele), substituir as estátuas polêmicas que levantaram inúmeros questionamentos religiosos, recentemente, em João Pessoa, por bustos de figuras históricas como Mahatma Gandhi, Martin Luther King, Luiz Gonzaga e outros vultos do passado.
Tem gente que gosta
Há quem conteste a sugestão do vigário, porque Gandhi é um indiano e Luther King um americano, não sendo – obviamente – cidadãos brasileiros, para merecerem ser homenageados com esculturas erigidas por aqui, em terras tabajaras. As opiniões discordantes dão conta de que se as estátuas polêmicas estão enaltecendo à Paraíba, que elas devem permanecer onde estão, como legítimas representantes da cultura nativa do povo potiguara.
Princípio da não-violência
Mahatma Gandhi foi um grande líder pacifista indiano que lutou contra a colonização do Império Britânico, no início do século passado. Gandhi (que na tradução do antigo idioma sânscrito falado pelos hindus quer dizer “A Grande Alma”) foi idealizador e fundador do moderno Estado indiano e o maior defensor da filosofia do Satyagraha (princípio da não-agressão, forma não-violenta de protesto) como um meio de revolução, depois de Jesus Cristo.
Criador da resistência pacífica
Incompreendido por setores que defendiam os imperialistas ingleses e o sistema de castas em vigor na sociedade local, no dia 30 de janeiro de 1948, Gandhi foi assassinado a tiros, em Nova Delhi. O corpo dele foi cremado e suas cinzas foram jogadas no rio Ganges, como manda a tradição milenar.
Balas contra religiosos
Martin Luther King era um pastor evangélico da igreja protestante e líder negro norte-americano que combateu o racismo nos EUA e foi assassinado a tiros em Memphis, em 1968, por um militante segregacionista ligado à Ku Klux Klan (organização secreta de origem nos ricos fazendeiros de pele branca, muito forte no sul do país).
Líder negro americano
Em 1986, foi estabelecido um dia de feriado nacional nos Estados Unidos para homenageá-lo, sempre na terceira segunda-feira do mês de janeiro, data próxima ao aniversário dele.
Celebrando missa nos quartéis
Voltando ao ex-vereador e ex-deputado Padre Adelino, ele revela que já percorreu todos os quartéis do Estado, agora na condição de capelão-mor da Polícia Militar, nomeado por ato administrativo do governador José Maranhão (PMDB), de quem se tornou aliado político.
Retaliação política é antiga
Padre Adelino diz que as constantes queixas feitas pelo deputado estadual Zenóbio Toscano (PSDB), remontam ao tempo em que o parlamentar tucano era prefeito de Guarabira e ele, ex-petista e hoje socialista dissidente, atuou como vigário da Diocese do Brejo.
Precursor dos Sem-Terras
Na época, ele tinha uma atuação bastante ligada à chamada Igreja Progressista existente em praticamente todos os países pobres da América Latina, liderada pelos bispos Dom Helder Câmara, Dom José Maria Pires e Dom Marcelo Pinto Carvalheira, entre outros membros esquerdistas da CNBB, apelidados nos tempos da Ditadura Militar como sendo os “padres vermelhos”, por manterem estreita relação com organizações guerrilheiras e partidos comunistas que sobreviviam na clandestinidade, defendendo a Reforma Agrária, a desapropriação de propriedades rurais, o movimento sindical e a CPT (Comissão Pastoral da Terra).
Rasgando o véu da noiva
Esta semana, o Padre Adelino rompeu um pacto de silêncio que ele vinha mantendo há dois anos e recordou o seu encontro histórico com o ex-governador (já falecido) Tarcísio de Miranda Burity (PMDB), que lhe deu gratuitamente uma passagem aérea internacional fornecida pela companhia Alitalia, criando as condições para ele escapar das ameaças feitas pelo Esquadrão da Morte que atuou na região polarizada por Guarabira, na metade da década de 1980, executando mais de 40 pessoas.
Fugindo para a Europa
Adelino viajou para o Vaticano, em Roma, na Itália, ficando escondido por lá, onde fez vários cursos de Teologia, até retornar ao Brasil em segurança, cerca de dez anos depois, já em meados de 1990.
A morte do “Mão Branca”
O chefe do grupo de extermínio que quase pega e mata também o padre, era o ex-capitão PM Givanildo Fernandes (que morou muito tempo foragido e sob disfarce de vigilante de rua na cidade de Patos de Minas, até ser recapturado e depois falecer diabético, numa cadeira-de-rodas, no Presídio Regional de Guarabira).
Homenagem sacerdotal
Nesta sexta-feira, às 11h00, ele será objeto de uma sessão especial de desagravo, a ser realizada no auditório da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), seccional Paraíba, em João Pessoa. O evento está sendo organizado por pastores evangélicos e padres católicos, tendo um caráter cristão e plenamente ecumênico em favor do irmão de fé.
Com o pé no Parlamento
Com a eleição do vereador Edmilson Soares (PSB) para uma cadeira na Assembléia Legislativa, obtendo 33.401 votos (ficando na 10ª colocação geral, pela coligação “Uma Nova Paraíba”), o Padre Adelino será alçado à condição de 1º suplente da Câmara Municipal de João Pessoa, a partir do dia 1º de fevereiro de 2011, quando o professor socialista tomar posse num assento da “Casa de Epitácio Pessoa”.