O candidato a governador do Estado pelo PCB (Partido Comunista Brasileiro), Chico Oliveira (na foto ao lado), revelou que o pai dele desapareceu durante os tempos da Ditadura Militar (1964-1985), após haver participado de uma ação organizada por agrupamentos esquerdistas com a finalidade de roubar armas de fogo diretamente fabricadas na fundição de aço da Forja Taurus, localizada no Rio Grande do Sul.
Roubando armas da Taurus
Chico acredita que seu genitor tenha sido capturado numa estrada, pelos militares ou integrantes da polícia política (Dops ou Doi-Codi), quando dirigia um caminhão carregado com farta munição e revólveres calibre 38 roubados da Taurus pelos guerrilheiros urbanos que atuavam na época, em todo o Brasil.
Desaparecido político
Ele acha que o pai foi preso, torturado e assassinado, sendo enterrado clandestinamente, como indigente, sem nenhum tipo de identificação, para que a família não pudesse reivindicar posteriormente a entrega dos restos mortais e fazerem um sepultamento digno.
Último contato há 41 anos
Mesmo com todos estes indícios claros de desaparecimento por motivos políticos envolvendo o sumiço do pai dele, nem Chico Oliveira, nem qualquer outro membro de sua família entrou com nenhuma ação na Justiça contra o Governo Federal, requerendo indenização aos cofres da União pela morte presumida do caminhoneiro paraibano, nos idos de 1969.
Programa ultra-radical
Talvez seja por conta desse trauma de infância, que o candidato comunista ao governo do Estado tenha uma carta-programa em nível nacional e internacional muito mais ousada do que outros concorrentes ao cargo que atuam no mesmo segmento dele, como Lourdes Sarmento (PCO), Nelson Júnior (P-Sol) e Marcelino Rodrigues (PSTU).
Temática revolucionária
Confira, abaixo, os ítens mais radicais da pauta de Chico Oliveira, a despeito de sua fala mansa e discurso mais comedido, o que causa muita surpresa e espanto, em se tratando de um programa de governo:
Democracia direta: o poder popular
Extinção do Senado da República
Abertura dos arquivos da Ditadura
Revogação da anistia aos torturadores
Mudança total na política econômica
Rompimento com o FMI (Fundo Monetário Internacional)
Não pagamento das dívidas interna e externa
Fim do Banco Central
Reestatização da Petrobras, da Companhia de Mineração Vale do Rio Doce e todas as demais empresas privatizadas em setores estratégicos, como telefonia, por exemplo, feitas no governo FHC (PSDB)
Extinção da ANP (Agência Nacional do Petróleo)
Revisão de todas as obras do PAC elaboradas no governo Lula (PT)
Mais direitos para o povo
Erradicação total do analfabetismo
Legalização do aborto
Estatização com expansão da rede metroviária, ferroviária e aqüaviária
Soberania internacional
Substituição da ONU (Organização das Nações Unidas) por outro tipo de entidade mundial
Retirada das tropas brasileiras do Haiti trocando-as por médicos, engenheiros e professores
Ingresso do Brasil na Alba (Aliança Bolivariana das Américas) comandada pelos presidentes da Venezuela, Hugo Chávez, de Cuba, Fidel Castro e da Bolívia, Evo Morales
Devolução do Arquivo Nacional do Paraguai, capturado pelas tropas brasileiras no final da guerra da Tríplice Aliança (1864-1870, ainda nos tempos do imperador Dom Pedro 2º)
Reconhecimento das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) como organização política insurgente
Fim do tratado de livre comércio do Brasil com Israel
Reestruturação do Exército, Marinha e Aeronáutica com a participação popular, através da formação de milícias armadas para enfrentamento do imperialismo, ou seja, contra os Estados Unidos
Comunista-cristão, não é ateu
Chico Oliveira, embora responda oficialmente como dirigente estadual do PCB, admite que professa uma religião baseada no Cristianismo, ou seja, que não é ateu ou pagão, como costumam ser os adeptos das ideologias materialistas de natureza dialética, originadas nas obras de Karl Marx.
Na padaria, motorista e sorveteiro
Ele, que foi caminhoneiro – assim como o próprio pai – já vendeu sorvete, trabalhou como padeiro e se classifica como sendo “um menino de rua que deu errado”, ou seja, que venceu na vida, ao contrário dos demais, que acabam se tornando bandidos ou miseráveis por falta de oportunidades de estudo e trabalho, consumidos pelas drogas como o crack, atualmente muito encontrado na origem de crimes, sobretudo nas comunidades existentes na periferia das cidades.
Empresários são bem-vindos
Ao contrário de Lourdes Sarmento, que rejeita votos e doações financeiras advindos de empresários, Chico me disse que aceita apoio de qualquer cidadão comum, inclusive de negociantes burgueses bem abastados e ricos proprietários de terras ou estabelecimentos comerciais de grande porte, como shoppings-centers, lojas de departamentos, magazines, empórios, etc.
Taxa para fechar escolas
Sua meta para a área de Educação inclui a pesada taxação das universidades particulares e colégios privados, de uma maneira tal que ele acredita no fechamento de várias escolas e faculdades que cobram altas mensalidades dos pais de alunos, na Paraíba.
“Filando a bóia” no RU
Como estudante, Chico Oliveira chegou até a cursar Economia, na UFPB, mas resolveu deixar de assistir aulas depois que o Restaurante Universitário fechou suas portas, parando de servir refeições a custo zero, anos atrás.
Brusca mudança universitária
Ele pretende – caso seja eleito no próximo pleito – transformar de maneira drástica, com apenas uma canetada, a UEPB em Universidade Popular do Trabalho, voltada para o ensino público, gratuito e de boa qualidade, destinado às camadas mais carentes da sociedade paraibana.