Na véspera da decisão da cúpula da Câmara sobre a abertura ou não do processo de cassação do mandato do deputado licenciado José Genoino (PT-SP), líderes do PT prometeram "reação" se a perda do mandato começar a ser analisada. Genoino está preso desde o dia 15 de novembro pela condenação no julgamento do mensalão.
A Mesa Diretora deve se reunir amanhã para discutir se dará início ao processo de cassação. Dos sete deputados que integram a Mesa e que irão avaliar o caso, quatro já declararam ser favoráveis ou tendem a apoiar a instauração imediata do processo, incluindo o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN).
Outros três defendem a tese de que é preciso adiar a decisão, entre eles o vice-presidente da Casa, André Vargas (PT-PR).
O PT defende que, como Genoino está licenciado por questões de saúde, não pode ser alvo de um processo de cassação. A ideia é adiar a abertura do processo até que ele possa ser reavaliado pela junta médica da Câmara para o seu pedido de aposentadoria por invalidez.
Irmão de Genoino, o líder do PT, deputado José Guimarães (CE), disse que haverá uma reação da Casa se o processo avançar.
Ele também defendeu o adiamento do processo, alegando que, por conta da cirurgia, o irmão não pode enfrentar situações de forte apelo emocional, como se defender no caso. "Se aparecer algum carrasco querendo cassar o Genoino precipitadamente, essa Câmara reagirá", afirmou.
Guimarães não especificou que tipo de ação será tomada. Na bancada do PT, há quem defenda medidas contra o comando da Casa.
Representante do PT na Mesa, Vargas retomou hoje os contatos com os integrantes da Mesa e chegou a fazer um "apelo" público para a suspensão do caso de Genoino. Ocupando a tribuna da Casa, o vice-presidente fez um discurso destacando a atuação política do correligionário, frisou várias vezes que seu estado de saúde é grave e subiu o tom ao sustentar que a Câmara estará cometendo uma injustiça se aprovar a abertura da cassação.
"O apelo que farei na sessão, por humanidade, por direitos humanos, pelo princípio da ampla defesa, pela espera, aguardando que no passo seguinte, se eventualmente for avaliado, que ele tem condições, que se faça [a cassação]", disse Vargas. "As medidas mais duras já foram tomadas. Agora, seria acrescer uma pena a mais a alguém que nós entendemos, mas deve se cumprir a lei, injustamente apenado. Por que a Câmara agiria com uma perversidade tal? Qual seria a proteção, o tipo de proteção que estaria sendo atribuído à Câmara?", questionou.
"Ele não tem condições de se defender. Isso não é manobra, é uma defesa à luz do dia, é o apelo que farei amanhã, de humanidade", completou.
Diário do Sudoeste
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