O ex-ministro das Comunicações e candidato do PSDB ao governo de Minas, Pimenta da Veiga, foi indiciado pela Polícia Federal por lavagem de dinheiro. A PF em Minas confirmou ontem o indiciamento do tucano, que prestou, no fim de março, depoimento em Brasília como parte de um inquérito que apura o repasse de recursos da SMPB, de Marcos Valério Fernandes de Souza.
O inquérito da PF ainda não foi concluído. O relatório final será encaminhado ao Ministério Público Federal, que decidirá se abre ou não processo contra Pimenta.
O tucano admitiu ter recebido em 2003 R$ 300 mil da agência de publicidade, mas disse que o valor se referia ao pagamento por serviços de advocacia. Porém, não apresentou comprovação dos serviços.
Aberta em 2013, a investigação da PF contra o ex-ministro é um desdobramento da denúncia oferecida em 2007 pela Procuradoria-Geral da República com base no inquérito do mensalão mineiro. O novo procedimento apura outros repasses da agência de Valério, que cumpre prisão após ser condenado no mensalão federal.
O MPF apontou desvio de verbas públicas do Estado para abastecer a campanha à reeleição do então governador Eduardo Azeredo (PSDB), em 1998. Naquela eleição, o tucano foi derrotado por Itamar Franco.
No inquérito, a PF confirma que o tucano recebeu em sua conta depósitos da SMPB, totalizando os R$ 300 mil denominados como "pagamento de obrigação". De acordo com a PF, o ex-ministro declarou os recursos no Imposto de Renda em 2005 e não em 2014, o ano seguinte ao recebimento.
Em 2005, conforme a investigação, Pimenta apresentou uma declaração retificadora, constando os repasses da SMPB após a CPMI dos Correios identificar um contrato de empréstimo de R$ 152 mil contraído pelo ex-ministro no Banco BMG de Belo Horizonte, no qual figuravam como avalistas Marcos Valério e sua ex-esposa Renilda Santiago.
"A declaração foi feita deste modo porque foi feita. O importante é que os impostos foram pagos. Se eu pudesse voltar no tempo teria feito a mesma coisa", afirmou ontem o tucano ao Estado. "A Polícia Federal está me cobrando provas de um processo que já foi esclarecido. o ônus da prova é de quem acusa."
‘Motivação política’. Por meio de nota, Pimenta também destacou que prestou os serviços de advocacia à SMPB quando não tinha mais atuação política e voltou a dizer que está sendo vítima de uma ação "político-eleitoral" dos adversários.
"É lamentável que, justamente quando me transformo em pré-candidato, sem que haja nenhum fato novo, dados que já são há muito de conhecimento público sejam artificialmente relembrados, numa clara demonstração da motivação político-eleitoral de meus adversários."
Estadão
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