A polêmica em torno do fim do racionamento em Campina grande e em quase 20 cidades terminou na última sexta-feira (25), quando o desembargador Abraham Lincoln da Cunha Ramos decidiu tornar ineficaz a decisão da juíza Ana Carmem Pereira Jordão, da 2ª Vara da Fazenda Pública de Campina Grande, que determinou que o Estado da Paraíba e a Companhia de Água e Esgotos da Paraíba – Cagepa mantivessem o racionamento de águas do Açude Epitácio Pessoa (Açude de Boqueirão).
Pelo menos no lado técnico, no âmbito político, situacionistas e oposicionistas ainda debatem o tema.
Favoráveis ao fim do racionamento
Para o deputado federal Veneziano Vital do Rêgo (PMDB) as decisões do governador Ricardo Coutinho foram pautadas de forma técnica. O parlamentar teceu críticas ao prefeito Romero Rodrigues. “O governador Ricardo e o governo não estariam a propor e a discutir o fim do racionamento se não tivessem a certeza absoluta que isso não implicaria prejuízos para nós cidadãos campinenses e de outros municípios abastecidos por Boqueirão. O que lamentamos, nesse momento, é a demagogia do atual prefeito de Campina, que há menos de dois meses dizia que era favorável ao fim do racionamento e agora diz que é contra. Isso é a cara de um governo populista, demagogo e querendo usufruir eleitoralmente, até porque tem pretensões futuras com base não sei de quê” – concluiu.
Quem pensa como Veneziano é o presidente da Assembleia Legislativa da Paraíba, deputado Gervásio Maia (PSB), que criticou o uso político dado ao fim do racionamento na cidade de Campina Grande, anunciado pelo Governo do Estado. “Não vejo motivo para não ter o fim do racionamento. A água está chegando e não vai parar de chegar. A solução está garantida então porque continuar? Só lamento porque só quem sabe é quem passa. O racionamento um dia vai acabar. Fruto de uma decisão bem pensada de tirar um sonho antigo do papel para se tornar realidade. E aos que estão equivocados, eles vão perceber, logo mais, que o caminho não é esse “, afirmou o presidente da Assembleia.
Sindicatos e associações – Diversas entidades de classe, exemplo dos sindicatos: dos Urbanitários (Stiupb), Comerciários, dos Médicos, dos Vigilantes, dos Metalúrgicos, dos Pequenos Agricultores e Agricultoras, dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar de Aroeiras-a; Comissão Pastoral da Terra (CPT), etc, assinaram uma Nota Pública de apoio ao fim do racionamento. “Temos a sede não só de água, mas do controle social da distribuição dessa riqueza em prol do povo paraibano, principalmente, das periferias e comunidades de nossas cidades”, dissse Wilton Maia, presidente do Stiupb.
Contrários ao fim do racionamento
A deputada estadual Daniella Ribeiro criticou a decisão do Governo do Estado de acabar com o racionamento de água em Campina Grande e mais 18 cidades da região. Segundo Daniella, o momento escolhido aparenta uma decisão político-partidária dado o anúncio ter sido feito pelo secretário de Infraestrutura e Recursos Hídricos da Paraíba, João Azevedo, em Campina Grande, sendo ele o possível nome para a disputa da sucessão eleitoral pelo PSB, e a aproximação da vinda do ex-presidente Lula à Paraíba.
O prefeito Romero Rodrigues, de Campina Grande, disse que faltou planejamento “até no anúncio” do fim do racionamento de água em Campina Grande pelo governador Ricardo Coutinho. “Acho que não devemos acabar com o racionamento nem tão cedo, até por conta que o açude deveria, primeiro, chegar aos seus 80% de capacidade e assim ficar no volume confortável. Além de não permitir que saia do racionamento, a discussão é o controle da água, para não desperdiçá-la, e Campina Grande não pode ser diferente”, concluiu em entrevista à imprensa.
Redação