Esta coluna tem recebido vários e-mails, telefonemas, torpedos e abordagens pessoais, questionando o porquê da TV Cabo Branco haver enviado para exibição em rede nacional de televisão, algumas imagens que depuseram enormemente contra a boa impressão que os outros Estados brasileiros têm da nossa humilde e pequenina – porém brava – Paraíba.
Dono não tem culpa nenhuma
Eu acho que o empresário Eduardo Carlos (proprietário da emissora) não tem culpa de nada. Ele é uma vítima inocente do processo de globalização deflagrado a partir da matriz da “Vênus Platinada”, no Rio de Janeiro.
Afiliado sem força alguma
Como mero afiliado local da ultra-poderosa Rede Globo, a “Duduca”, não resta nenhuma outra opção a não ser ceder aos caprichos dos editores-regionais que são enfiados de goela abaixo pela equipe comandada por Carlos Henrique Schroeder, Ali Kamel e Cia. Ltda.
Queda livre no Ibope
Desde a saída de Erialdo Pereira (ex-editor-regional que pontificou durante mais de 18 anos à frente da TV Cabo Branco e TV Paraíba) que essas duas emissoras nunca mais foram as mesmas, perdendo preciosos pontos no Ibope e sempre buscando soluções “importadas” cada vez mais problemáticas, que além de não resolverem as broncas já existentes, ainda geram outras, desnecessariamente.
Cabeças coroadas são “estrangeiros”
O exemplo mais recente desse descompasso entre o público-alvo da Cabo Branco e a cabeça-de-rede, é a indicação da editora-regional Ana Viana e do chefe-de-reportagem Sérgio Pavanello (dois sulistas criados profissionalmente no ambiente estratosférico existente no eixo Rio de Janeiro-São Paulo, mas totalmente deslocados do povão, diante da realidade local).
Editores parecem “raça superior”
Primeiro: parece que ambos odeiam os nordestinos como nós e fazem questão de demonstrar que são pertencentes a uma espécie de “raça superior”, menosprezando os pobres mortais que trabalham em sua redação. Tratam os jornalistas paraibanos formados pela UFPB, UEPB, etc, como ratos-de-porão ou meros serviçais, simples e eternos carregadores de piano, para que eles reinem absolutos em seus tronos hiperdistantes da realidade paraibana.
Matando a cobra e…
Para justificar o meu pensamento exposto acima, reproduzo abaixo o depoimento de telespectadores revoltados com a sacanagem explícita e preconceituosa da Rede Globo, feita em conluio com os péssimos editores-regionais daqui:
… Mostrando o pau que matou a cobra
“Ao assistir o programa Fantástico, da Rede Globo de Televisão, eu e minha família fomos surpreendidos com a matéria jornalística daquela emissora, elegendo a nossa cidade, João Pessoa (através do bloco das Virgens de Tambaú), como ganhadora do troféu Manequinho. Tal prêmio, foi atribuído por ela (Rede Globo) à cidade que mais emporcalhou (esse foi o termo usado na matéria), o carnaval brasileiro”.
A Paraíba não merece isso
“Foliões foram flagrados urinando nos muros, ao longo da avenida Epitácio Pessoa. Falta talvez, de acompanhamento da Prefeitura Municipal em relação ao número de banheiros necessários. Enfim… dentre as cidades que concorreram além da nossa, estão: São Paulo, Santos, Salvador e Rio de Janeiro”.
PB-Tur & Setur-JP deveriam protestar
“Nossa cidade foi exposta em rede nacional, em uma matéria jornalística, a meu ver, de mau gosto e inoportuna. Estamos em pleno verão e em pleno carnaval e como as outras cidades, também recebemos turistas”.
Público desconhece autoridade
“Quero evidenciar minha profunda tristeza com a matéria de caráter tendencioso. Não estou defendendo a postura dos foliões paraibanos, que falharam e feio, mas posso afirmar, por conhecer as outras cidades citadas na reportagem, que João Pessoa não merecia este troféu. Até porque, não cabe à Rede Globo ou a qualquer entidade, este tipo de avaliação em rede nacional”.
Telespectadores revoltados
“Minha intenção é apenas evidenciar o fato ao meio jornalístico paraibano, e se me couber, sugerir a cobrança de um pedido de desculpas, por parte daquela emissora. Forte abraço e sucesso a todos”. Vanderlei de Oliveira (e-mail: [email protected]).
Mas, quem é o tal Manequinho?
Para quem não sabe o que representa o troféu Manequinho, no Rio de Janeiro, basta dar uma passadinha pelos jardins da sede do Botafogo de Futebol e Regatas para ver uma estátua que está situada em frente à sede do Botafogo, General Severiano.
Made-in-Bélgica
A estátua representa um menino urinando e é uma réplica da estátua Manneken Pis, que enfeita a praça de Bruxelas, na Bélgica. Em 2002 a estátua foi tombada como patrimônio pela prefeitura do Rio de Janeiro.
Mascote alvinegro
A imagem passou a ser relacionada ao alvinegro no Campeonato Carioca de 1957, quando um torcedor vestiu a estátua com a camisa do Botafogo. A partir daí, torcedores consideram-na como mascote e toda vez que o Botafogo é campeão a estátua é vestida novamente.
Minha opinião pessoal
Acho que a bola fora de Ana Viana e Sérgio Pavanello se deu quando obedeceram cegamente ao pedido de pauta feito pela matriz, sem se darem conta de que iriam praticar uma espécie de crime de lesa-pátria contra nosso Estado e suas tradições culturais, em se tratando de festejos carnavalescos, de Folia de Rua.
Perguntinha que fica no ar: – Por que a Rede Globo Nordeste não enviou para divulgação em nível nacional imagens dos foliões do Galo da Madrugada, igualmente urinando no meio da rua?
Resposta elementar: – Porque em Recife os editores são todos bairristas e jamais iriam depor contra o Carnaval de Pernambuco que eles tanto amam.
Mas, na Paraíba, como os chefes de redação e reportagem da TV Cabo Branco vêm todos de fora e não criam raízes por aqui… Falta respeito ao povo e amor à terra.
Depois da postagem…
Agradeço a todos os comentários postados abaixo, porém peço licença para destacar um deles – em particular – enviado por e-mail pelo jornalista Dalmo Oliveira, cujo conteúdo reproduzo na íntegra, a partir de agora:
Sistema Paraíba urinou no pé!
“Caro Giovanni, concordo com suas críticas e de seus leitores. Não vi a matéria do Fantástico, mas vi matérias da TV Cabo Branco avisando que a PM iria reprimir os incontinentes durante o Folia de Rua. Outro dia vi uma matéria (não lembro a emissora) mostrando que a tradicional mijada pública dos baianos estava comprometendo as estruturas de postes, passarelas e viadutos… Imagine!”
Auto-estima em baixa
“Mas você aponta um problema sério no jornalismo tabajara: a supervalorização de profissionais importados. Na minha opinião, isso reflete a baixa auto-estima dos próprios empresários da comunicação local, que imaginam que os colegas estrangeiros são melhores profissionais do que a nossa gloriosa prata da casa. Grave, mais ainda, é o choque cultural que sempre ocorre quando a globalização obriga a migração de profissionais de um canto para outro. O sotaque é outro; os costumes são outros; o olhar é outro. Forte abraço, Dalmo.” (e-mail: [email protected]).