Com os resultados do segundo turno das eleições realizado ontem no Distrito Federal e em oito Estados, PSDB e DEM expandiram seu controle sobre um núcleo de administrações estaduais de oposição ao Palácio do Planalto que, com a eleição de Dilma Rousseff, será comandado por mais quatro anos pelo PT. Computadas também as vitórias que tiveram no primeiro turno, tucanos e democratas consolidarão, a partir de 1.º de janeiro, uma espécie de corredor de governos antipetistas que começa na Região Sul, pega a maior parte do Sudeste, sobe pelo Centro-Oeste e vai acabar no Norte.
Em linhas gerais, e com algumas exceções, os partidos da base governista vão ficar concentrados nas ‘pontas’ do mapa – a maior parte do Nordeste, Espírito Santo e Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e, no outro lado, Mato Grosso, Rondônia e Acre e Amapá.
O ‘corredor oposicionista’ começa em Santa Catarina, sobe pelo Paraná e São Paulo, entra para o interior em Minas Gerais, avança para o oeste em Goiás, sobe para Tocantins e vai acabar no Pará. Desse grupo de Estados, apenas os catarinenses serão governados pelo DEM – os demais terão governos tucanos. Somados, seus votos equivalem a 49,14% dos 135.804.433 de eleitores brasileiros. Se forem computados os votos de outros dois governos oposicionistas – Rio Grande do Norte, do DEM, e Alagoas, do PSDB – serão 71.023.787 de eleitores, mais da metade do total – 52,29%.
O cruzamento das votações de presidente e governador, contudo, mostra diferenças: Dilma venceu no Pará, onde os tucanos conquistaram o governo, e José Serra (PSDB) foi vitorioso no Acre, onde, no primeiro turno, o governador eleito foi Tião Viana (PT). Em outras unidades da Federação, a votação dos candidatos a presidente da República também não seguiu os votos para governador, no primeiro ou no segundo turno das eleições de 2010.
Nos nove pleitos do segundo turno realizados ontem, o PSDB venceu em três Estados; o PSB, em outros três; e o PT e PMDB conquistaram, cada um, uma administração estadual. Até 20h35, um governo estava indefinido entre PP e PSDB.
Números. No ‘corredor oposicionista’ cujo desenho foi concluído ontem pelo eleitorado a capital foi exceção. No Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) venceu Weslian Roriz (PSC) com muita folga. Ele teve 66,10% dos votos, contra 33,90% da adversária. A vitória de Agnelo significa a primeira derrota do grupo político do ex-governador Joaquim Roriz, que lançou a mulher candidata quando percebeu que poderia ter sua candidatura vetada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por causa da Lei da Ficha Limpa. É também a primeira eleição direta após o escândalo do chamado ‘mensalão do DEM’, revelação do pagamento de propinas a políticos que resultou na renúncia do governador José Roberto Arruda, que se desfiliou do Democratas.
Ainda no ‘corredor oposicionista’, o PSDB conquistou ontem o governo de Goiás, onde com 99,31% das urnas apuradas, o tucano Marconi Perillo tinha 52,99% dos votos contra 47,01% de Íris Rezende (PMDB). Os tucanos também conquistaram o governo do Pará: com 74,35% das urnas, Simão Jatene tinha 56,31%, contra 43,69% para a governadora Ana Júlia (PT), que não conseguiu a reeleição. Fora desse eixo, o PSDB conseguiu reeleger Teotônio Vilela Filho em Alagoas. Com 66,30% das urnas apuradas, o tucano tinha 53,14% dos votos, contra 46,86% de Ronaldo Lessa (PDT).
O PSDB também se aproximava da vitória em Roraima, mas, às 20h35m, com 92,72% das urnas apuradas, o governador tucano Anchieta Júnior tinha 50,16%, contra 49,84% para Neudo Campos (PP).
Governistas. A base do governo, porém, obteve também algumas vitórias importantes no segundo turno. O PSB, por exemplo, ganhou os governos do Piauí, Amapá e Paraíba, somando-se às vitórias no primeiro turno em Pernambuco (onde reelegeu o governador Eduardo Campos). no Ceará (onde também reelegeu Cid Gomes) e no Espírito Santo (onde chegou à vitória com Renato Casagrande). Ontem, na Paraíba, com 98,79% das urnas apuradas, o candidato socialista Ricardo Coutinho tinha 53,61% dos votos, derrotando o governador José Maranhão (PMDB), que teve 46,39% e não conseguiu a reeleição.
Os socialistas também venceram no Amapá. Lá, seu candidato a governador, Camilo Capiberibe, com 97, 75% das urnas apuradas, tinha 53,68% dos votos, derrotando Lucas Barreto (PTB), que àquela altura chegava apenas a 46,32%. O PSB também venceu no Piauí, onde conseguiu reeleger o governador Wilson Martins, que, com 88,24% das urnas já apuradas, tinha 58,19%. Seu adversário, Silvio Mendes (PSDB), conseguia àquela altura 41,81%.
Também houve vitória de partido governista em Rondônia, com 93,24% das urnas apuradas, Confúcio Moura, do PMDB, tinha 58,98% dos votos. João Cahulla, do PPS, chegara apenas a 41,02%. O PMDB, porém, acaba com cinco governadores.
Estadão