O ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso (PSDB) disse nesta segunda-feira (6) que o PT cresceu nos grotões do país e que o Partido dos Trabalhadores tem o voto dos "menos informados". A declaração foi dada aos blogueiros do UOL Josias de Souza e Mário Magalhães.
"O PT está fincado nos menos informados, que coincide de ser os mais pobres. Não é porque são pobres que apoiam o PT, é porque são menos informados", afirmou o ex-presidente.
"Essa caminhada do PT dos centros urbanos para os grotões é um sinal preocupante do ponto de vista do PT porque é um sinal de perda de seiva ele estar apoiado em setores da sociedade que são, sobretudo, menos informados", disse FHC.
Para o tucano, o desempenho do PSDB é diferente, nesse aspecto, uma vez que em Estados como São Paulo seu partido tem maioria.
"Aqui em São Paulo, quando o PSDB ganha, ele ganha porque tem apoio de pobre, não é porque tem apoio de rico. (…) A falta de informação é responsabilidade do Estado, não da pessoa, é uma constatação. Geralmente é uma coincidência entre os mais pobres e os menos qualificados."
Legado tucano
O ex-presidente avalia que, ao contrário de campanhas anteriores do PSDB, desta vez o candidato tucano à Presidência, Aécio Neves, pode assumir o legado deixado pelo partido quando esteve à frente do governo federal.
"Tem que assumir tudo isso e não deixar que o PT fique botando a marca e o estigma de que eles é que fizeram e nós atendemos só ao mercado, está errado", diz FHC.
Quanto a uma possível omissão, nesse sentido, de candidatos anteriores, como José Serra (que disputou a Presidência em 2010), o ex-presidente diz que "houve uma espécie de amedrontamento perante o PT".
"Como o PT é um partido agressivo, é competente em fazer propaganda e estigmatizar, houve uma espécie de encolhimento [do PSDB]. Quando se diz que o governo foi ruim, tem que tentar mostrar que não foi ruim, tem que lutar, esse marketismo atrapalha muito."
Em relação a uma possível aliança com Marina Silva no segundo turno da campanha presidencial, FHC afirmou que está à disposição da ex-senadora, com quem "sempre se deu bem", e que "não tem que discutir o toma lá, dá cá".
"Vamos discutir quais os pontos que podem permitir uma aproximação efetiva", acrescentou.
UOL