Enquanto muitos acreditavam que na primeira oportunidade Ricardo Coutinho daria uma rasteira em Hervázio Bezerra (PSDB), meses após a consolidação da aliança a situação se mostrou bem diferente. A mudança no secretariado anunciada nesta terça-feira (28) poderia ter sido o mote perfeito para o governador fulminar os planos políticos do antigo rival, o que definitivamente não aconteceu (ou sequer foi cogitado).
Atualmente ‘dono’ de uma cadeira na ALPB graças ao afastamento dos deputados Adriano Galdino (PSB) e Manoel Ludgério (PDT), bastaria apenas que um desses recebesse o ‘conselho’ governamental de deixar o secretariado, que só restaria a Bezerra ‘democraticamente’ amargar o afastamento da política, no mínimo até 2013. Somado a isso, ficaria refém de uma aliança “de aparência” ou voltaria “queimado” para a oposição.
Nessa decisiva ‘terça-feira’, sem qualquer sentimento de culpa, o governador poderia promover a comentada (e por muitos temida) ‘dança das cadeiras’ no Parlamento Estadual e justificar simplesmente: “O nobre deputado que agora deixa a secretaria para retornar ao antigo posto cumpriu suas obrigações com o Executivo Estadual e, por isso, volta à Casa Legislativa”. Em suma: ‘Adeus Hervázio!’.
Porém, nada disso aconteceu. O que de fato se vê é que o tucano não só conseguiu a confiança do governador, como está blindado na atual conjuntura da Situação. O cenário é tão favorável ao ex-opositor que já nesta quarta garantiu o posto líder da bancada governista na Casa. E não é de se estranhar: nenhuma instituição foi tão pressionada quanto a Prefeitura de João Pessoa, no instante em que Ricardo era seu gestor, tendo como algoz na Câmara justamente o tucano ex-cicerista. Ao invés de ‘esmagá-lo (o que politicamente parecia irreversível) foi mais sábio tê-lo agora como general de outro campo de batalha.
O que fica aparente é que Hervázio Bezerra bebeu de uma fonte política onde ser oposição não é necessariamente sinônimo de inimizade. Com isso, conseguiu mudar de lado sem que possíveis mágoas se tornassem impedimentos preponderantes de sua chegada ao grupo que se opunha. A prova disso ficou evidente. Todos conhecem o temperamento do governador: quando é inimigo é inimigo e pronto.
No final das contas, o único que continua perdendo é o senador Cícero Lucena que, além de ver seus últimos defensores partindo ‘aos montes’ para abraçar justamente quem mais repugna, ainda recebem título de “fiéis escudeiros”.