Esse já inesquecível Réveillon de João Pessoa – antes mesmo de acontecer – está muito parecido com a festa de aniversário do ex-governador Ronaldo Cunha Lima (PSDB) realizada no Clube Campestre, em 21 de março de 1998, em Campina Grande (três dias após a data real do natalício do poeta, que é 18/03/1936).
Naquele ano, os aliados do então governador José Maranhão (PMDB) e os militantes ronaldistas estavam doidos pra brigar e faltava apenas uma fagulha para o incêndio começar. Deu no que deu, como todos sabem.
Culpa no foguetão
A desculpa encontrada para justificar todo aquele rapapé foi o foguetório articulado por Marconi Paiva (que hoje está de volta ao Governo, na diretoria de Planejamento da FAC e na organização das festas públicas de Maranhão).
Pelo que eu conheço dos dois lados em permanente estado de beligerância, num clima de paz armada pré-guerra total, esse deve ser o pingo d’água que falta para o rompimento definitivo. Afinal, será o primeiro pontapé (ou chute na canela trocado entre ambos) logo no início do vindouro ano eleitoral.
Já vi esse filme antes
Veja bem os precedentes: o secretário de Desenvolvimento Urbano da prefeitura municipal de João Pessoa, Lucius Fabianni (ex-bancário, ex-sindicalista e atual suplente de vereador do PT) exige que o governo estadual apresente uma série de documentos, como pré-requisito para conceder o respectivo alvará de funcionamento, sem o qual a festança maranhista nas areias do Cabo Branco não pode acontecer.
São eles: EIA-Rima (Relatório de Impacto Ambiental), Plano de Tráfego para a ST-Trans atuar em conjunto com a CP-Tran, Plano de Segurança para a Polícia Militar, Corpo de Bombeiros e a Guarda Municipal, além de um estudo técnico da Sudema, Ibama e Semam, sobre a poluição auditiva detectada através do uso do decibelímetro.
Caderno de exigências
Traduzindo: a prefeitura quer saber qual será a altura da medição máxima permitida por lei, em relação ao tamanho do barulho provocado pela sonorização do anunciado show da banda Calypso, com seus milhões de watts de potência. Se essa zoada for mesmo levada de praia acima pelo vento sul, através de poderosas ondas de propagação, poderia então ofuscar o show da PMJP no Busto de Tamandaré.
Tanta exigência assim, nunca se viu por aqui, nem mesmo nos cadernos entregues pela Fifa aos dirigentes da CBF, para a Copa do Mundo de 2014, a ser realizada no Brasil.
A milhas um do outro
Detalhe ecologicamente correto: no local destinado ao show, em frente à Fundação Casa de José Américo, distante cerca de 1,5 km do Busto de Tamandaré, há dunas cobertas de mato e também caranguejos da espécie Maria-Farinha se reproduzindo nos berçários criados naturalmente pela maré baixa, justamente no mesmo horário da queima de fogos e show do Réveillon.
A recomendação é que o local de instalação dos fogos fique bem longe da estreita faixa de areia existente no lugar, para evitar que setas em brasa vindas das hastes incendiadas caiam sobre o público presente ou nos quintais e telhados das residências da vizinhança.
Brasas, cinzas, espetos, óleo quente e churrasquinho
A exigência do Plano de Segurança – nesse aspecto em particular – é para evitar que as cinzas quentes ou as brasas ardentes dos espetos de churrasquinhos e o óleo fervente das batatinhas fritas caiam nas pessoas que transitem por acaso perto desses equipamentos existentes em toda festa de rua.
Diga-se de passagem, que carrinhos de churros, pipoca, cachorro-quente e similares, realmente são potenciais causadores de acidentes em áreas onde haja grande concentração de gente. É bom ter cuidado, pois esta mistura é mesmo explosiva!!!
Beco sem saída
É oportuno lembrar que nesse trecho da orla marítima só existe uma avenida, sem acostamento, apertadinha, com nenhum estacionamento e sem muitas opções de saídas através de vias alternativas capazes de desviar carros de passeio e outros tipos de automóveis, motocicletas, ônibus, caminhões etc.
Portanto, esse apelo é necessário para que os órgãos responsáveis pela organização do trânsito trabalhem em perfeita harmonia para evitar um engarrafamento caótico no local do evento, nas imediações da FCJA.
O mundo todo
Segundo Marconi Paiva, o Estado rejeita de antemão as exigências feitas pelo secretário Lucius Fabianni, porque espera entre 300 e 400 mil pessoas reunidas de uma vez só e no mesmo canto de praia para ver o espetacular show de Joelma, Chimbinha e dos músicos e bailarinos da Calypso.
Paiva assegura que esse pequeno trecho da orla não comportará nem um terço dos transeuntes esperados pela organização da festa maranhista, porque a faixa de areia é estreita, tem muitos coqueiros nas redondezas. E o prejuízo ecológico é bem maior, com as pessoas matando grama e outros tipos de vegetações rasteiras existentes no local apenas com a sola dos pés, pelo simples ato de caminhar normalmente, fora da calçadinha.
Girândola gaúcha, tchê!
Marconi Paiva foi pessoalmente ao Rio Grande do Sul – poucos dias atrás – somente para ver de perto o que existe de mais moderno, hoje em dia, em termos de tecnologia de ponta para lançamento de fogos-de-artifício aos céus, inclusive com uso de programação computadorizada. As bombas, rojões e lágrimas de pólvora colorida agora são disparados por controle remoto, sem contato manual entre as ogivas modernas e o antigo e tradicional fogueteiro junino.
Isso tudo está sendo preparado para fazer da saudação pirotécnica ao Ano Novo, no Réveillon do Governo do Estado, uma coisa nunca vista em João Pessoa, justamente para marcar o evento e ficar na história das grandes festividades de final de ano na Capital.
Tudo outra vez
Como eu já disse, ele é responsável pela parte de pirotecnia das festas de Maranhão desde o foguetório do Campestre, passando por todas as inaugurações de obras dos governos Maranhão 1 e 2, voltando à cena político-administrativa, agora, como festeiro-mor do Maranhão 3.
FAC muda de nome
Ex-vereador e ex-assessor de imprensa da Cagepa, Paiva é atualmente diretor de Planejamento da FAC, presidida pela ex-deputada Lúcia Braga (PMDB). Ele já está até pensando em mudar o nome da Fundação de Ação Comunitária, para desvincular a instituição estatal da imagem negativa gerada durante o processo de cassação do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB), devido à repercussão nacional obtida pelo famoso “Caso dos Cheques da FAC”. Para Marconi, esse nome é pejorativo.
Nem amarrado
O deputado federal Armando Abílio (presidente do diretório estadual do PTB) recusou convite para viajar de avião até Catolé do Rocha no domingo passado, quando soube que o senador democrata Efraim Morais também estaria no mesmo vôo, junto com ele e o prefeito da Capital, Ricardo Coutinho (PSB).
Efeito colateral
Armando ainda não absorveu muito bem a aliança político-partidária dos socialistas de Ricardo com os democratas de Efraim, de quem ele é desafeto pessoal, por questiúnculas paroquiais remanescentes da última eleição municipal em Esperança, quando os petebistas saíram vencedores do pleito.
Tô nem aí…
Mesmo sem a presença de Abílio, Efraim e Ricardo foram para Catolé, prestigiar a solenidade de entrega da medalha “Epitácio Pessoa” (a mais alta honraria concedida em forma de comenda pela Assembleia Legislativa), feita pelo suplente de deputado Biu Fernandes (DEM) ao cantor Chico César, que é presidente da Funjope (Fundação Cultural de João Pessoa).