Será que todos ainda lembram quando, em 2010, ainda prefeito de João Pessoa e pré-candidato a governador da Paraíba, Ricardo Coutinho demonstrou grande desprezo por Campina Grande? Para quem não se recorda, aí vai o refresco:
Ricardo Coutinho era entrevistado, por telefone, por um jornalista do portal PBAgora, quando um assessor avisou que, em outra linha, estava o governador de Pernambuco, Eduardo Campos. Ricardo pediu licença ao repórter para atender a outra linha e o repórter, que estava gravando a entrevista, não desligou o gravador, acoplado ao telefone.
Na outra linha, Ricardo comentou com o padrinho Eduardo Campos sobre a nomeação do então deputado estadual Guilherme Almeida para a Secretaria de Interiorização das Ações de Governo pelo então governador José Maranhão, e sapecou: “É, ele foi nomeado para uma secretariazinha de interior, lááááaaa em Campina Grande”. Desde este dia que fiquei com uma pulga atrás a orelha em relação à atenção de Ricardo para com a Rainha da Borborema.
Não vou aqui ser repetitivo para dizer, detalhadamente, citando item por item, que, nestes dois anos de governo, Ricardo nada fez pela cidade que lhe garantiu a vitória nas urnas, pois os números mostram que foi Campina Grande sim – queira ele ou não, aceite ele ou não – que lhe garantiu a vitória. Para isso, basta que Ricardo ou qualquer um de seus auxiliares aponte uma obra, uma única obra, na cidade, que foi iniciada por Ricardo, tocada por Ricardo e inaugurada por Ricardo em Campina, nesses mais de dois anos de governo, como já desafiou Veneziano Vital do Rêgo.
Também, não quero lembrar que, em dois anos, Ricardo não formalizou uma única parceria do Governo do Estado com o São João de Campina Grande, mesmo sendo o maior evento turístico da Paraíba, maior evento turístico do Nordeste e um dos quatro maiores do Brasil, que gera renda, inclusive, para o próprio Governo do Estado, que tem aumento de receita com a arrecadação do ICMS que circula em Campina Grande no mês de junho.
E os argumentos para das as costas à cidade e ao São João foram os mais absurdos possíveis: porque o dinheiro iria patrocinar bandas de “forró de plástico”, porque o estado estava quebrado, porque estávamos em período de seca, porque o governo tinha outras prioridades a “dar dinheiro para festas”, porque Campina Grande estava inadimplente com o Governo Federal (mas, mesmo assim, todos os anos recebia emendas parlamentares e verbas do Ministério do Turismo), etc, etc, etc. O mais engraçado é que estes argumentos nunca valeram para outras “festas” promovidas por aliados políticos em outras cidades…
Agora, o governador dá mais uma demonstração de desatenção com Campina e, até mesmo, com seus aliados políticos na cidade, ao nomear o ex-prefeito de Cajazeiras, no alto sertão, para comandar a tal “secretariazinha de interior, lááááaaa em Campina Grande”, como ele mesmo disse um dia.
O Jornal da Paraíba do último dia 29 de março trouxe, em manchete principal, o destaque que demonstra o “carinho” que o governador tem para com Campina e para com a tal “secretariazinha de interior, lááááaaa em Campina Grande”: “Ricardo nomeia ‘ficha suja’ para Interiorização”.
Se não bastasse o currículo nada agradável do novo titular da pasta que, uma vez considerado pela Justiça “Ficha Suja” foi proibido pela própria Justiça de ser candidato a Prefeito de Cajazeiras no ano passado, Ricardo ainda, de quebra, desprestigia seus aliados, ao nomear um cajazeirense, mesmo tendo em Campina Grande quem pudesse ocupar a pasta dignamente, sob os auspícios de Cássio Cunha Lima, Rômulo Gouveia, Romero Rodrigues e outros.
Ou será que Ricardo quis dar o troco a Cássio por conta daquelas declarações do tucano desdenhando dos apoios de prefeitos que o Mago vinha conquistando?
Para completar, Ricardo também desprestigia seu aliado histórico e íntimo, Fábio Maia, que foi preterido quando da discussão para a composição da chapa de Romero Rodrigues em Campina, já que, após conversa entre Cássio e Ricardo, o indicado foi Ronaldo Cunha Lima Filho. E olha que Fábio Maia havia se desincompatibilizado do cargo que exercia para compor a chapa, por indicação de Ricardo…
Fábio Maia, conhecido pelo seu jeito operoso, determinado e trabalhador, foi apeado do cargo sem qualquer razão aparente e substituído por Carlos Antônio. Se Fábio Maia não vinha fazendo mais à frente da pasta (nem sei se foi esse o pensamento do ‘Mago’ ao justificar a degola), a culpa não era dele e, sim, da própria estrutura estadual, que não colabora em nada para o pleno funcionamento dos órgãos estaduais. E se for um órgão em Campina grande, então… É só ver em que situação se encontram a Sudema, a Cagepa…
Mais ainda: Nem para a posse de Carlos Antônio Ricardo Coutinho virá. Ele já anunciou que vai enviar representante. Também, depois de ter sido vaiado duas vezes no mesmo evento em Campina, há menos de 15 dias, e de dar tamanha demonstração de desatenção e de desprezo com quem lhe deu tudo, só restava, mesmo, dar uma de avestruz…