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Romantismo, política e a “guerra cultural”

Em seu clássico “As raízes do Romantismo”, o historiador das ideias Isaiah Berlin analisa como o Romantismo, movimento surgido na Alemanha entre 1760 e 1830, se espalhou pelo Ocidente e deu força às revoluções políticas, ao nacionalismo, ao populismo e até ao fascismo.

Esse movimento foi uma reação ao Iluminismo racionalista. Afirmando que a vontade humana é livre e que não há qualquer estrutura constante das instituições sociais ou padrões morais universais, o Romantismo secularizou profundamente o Ocidente.

Pensadores como Joham Hamann, Herder, Kant, Schiller, Fichte, Rousseau, Goethe – cada um a seu modo – contribuíram para uma revolução do pensamento ocidental: o ser humano cria seus valores e não existe padrões – como a vontade divina – a que se adaptar.

O Romantismo garantiu a ascensão do sentimentalismo, dos símbolos e das narrativas determinadas pela vontade humana. Sem padrões racionais ou metafísicos a que se conformar, o ser humano ficou livre para moldar o mundo segundo sua subjetividade.

Politicamente, o Estado se tornou 1) ou uma entidade misteriosa que evolue na história, 2) ou uma entidade com autoridade semiespiritual que encarna os poderes divinos. Os românticos se tornaram ou progressistas ou reacionários.

O Fascismo, sob o ideal romântico, assumiu que não existe uma racionalidade política universal e que o líder dirá – no dia seguinte – o que será da história do movimento e qual será o próximo inimigo.

Ideias têm consequências. E o abandono de critérios morais, políticos e estéticos objetivos – não dependentes da vontade do ser humano ou do curso da história – tem a consequência de tornar a sociedade um campo de “guerra cultural” entre vontades que deixaram de lado a persuasão racional.


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