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Ronaldo abre coração e desabafa: “A vida nos exige o fingimento”

Ronaldo Cunha Lima quebra o silêncio e abre coração: “A vida nos exige o fingimento”

A decisão do Supremo Tribunal Federal que determinou a posse imediata de Cássio Cunha Lima no Senado Federal mexeu com todo o clã Cunha Lima, que há algum tempo estava em ‘stand by’. Depois do ex-governador Cássio Cunha Lima, agora foi a vez do pai do tucano, o também ex-governador Ronaldo Cunha Lima se manifestar da forma mais original – através da poesia.

A entrevista é do Blog do Jornalista Marcos Alfredo, que conseguiu, com exclusividade, entrevistar o poeta com verso e poesia.

Perguntas foram feitas em forma de versos e as respostas, naturalmente, seguiriam o mesmo modelo. Nesta entrevista exclusiva do Blog do Marcos Alfredo, o ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-prefeito de Campina Grande, ex-governador, ex-senador, ex-deputado federal responde a perguntas delicadas sobre sua percepcão de vida à esta altura de sua existência, quando, aos 75 anos de idade, enfrenta problemas de saúde, já mantém uma agenda mais reservada e longe do burburinho do palco político, mas continua com sua mente produzindo em alta escala.

Confira na íntegra:

Ex-vereador, ex-deputado estadual, ex-prefeito de Campina Grande, ex-governador, ex-senador, ex-deputado federal….Ronaldo José da Cunha Lima, 75, já passou por todos esses cargos públicos, ao longo de 43 anos de carreira política.

Afastado da atividade pública por problemas de saúde, o guarabirense Ronaldo Cunha Lima tem orgulho de não ser “ex” numa atividade: poeta. Com vários livros lançados e sempre um no prelo, pois sua produção mental continua fervilhando o dia todo, Ronaldo de fato aceitou de bom grado essa nossa proposta inusitada de entrevista.

As respostas começaram a ser produzidas na semana passada, num momento especial à essa altura da vida do poeta: finalmente, após um longo suplício jurídico, seu filho e herdeiro político Cássio Cunha Lima teve a diplomação e posse determinadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF).

Foi uma notícia que animou o velho espírito de um político que, na maior parte de sua vida, sempre se tornou na Paraíba referência de bom humor, irreverência, raciocínio rápido e alto astral.

Mas vamos à entrevista no padrão que Ronaldo Cunha Lima mais se compraz. Espero que o leitor também tenha prazer nesse nosso inusitado “Ping Pong”.

 

Pergunta: Blog de Marcos Alfredo

O vate faz que vê o invisível,
 

Diz que toca, quando quer, o abstrato
 

Tem o éter alugado em comodato,
 

Superlota de idéia o incabível.
 

Põe entrada no inadmissível,
 

Diz que alma apaixonada furta cor,
 

E que vê, sempre, o Anjo do Senhor
 

Como a burra de Balaão, Profeta.
 

Lhe pergunto:Assim como o poeta
 

É todo homem público, fingidor?

 

 


Resposta: Ronaldo Cunha Lima

 

 

A vida nos exige o fingimento,
 

Fazendo-nos atores, todo instante.
 

O palco é passageiro, e tão constante,
 

Como é constante o perpassar do vento!
 

A depender do drama e do momento,
 

O palhaço, o profeta, o pensador,
 

O poeta, o político que for,
 

Numa jura jurada só metade,
 

Dependendo da dor d’uma verdade,
 

De quando em vez se vão de “fingidor”!

 

 

Pergunta: Blog de Marcos Alfredo
 

 

O poder da auto-crítica só tem mérito
 

Se promove o perfil do "suplicante"
 

Toda conjectura nos garante
 

Recorrer ao futuro do pretérito.
 

cada homem constrói o seu inquérito
 

Da forma que julgar a preferida.
 

Ao passado onde foi nossa guarida
 

O presente guarnece com escolta.
 

Se no tempo, possível fosse a volta
 

O que reformaria em sua vida?

 

 

 

Ronaldo:

 

 

A minha vida, escrita em livro aberto,
 

Com poucos erros e plurais acertos,
 

Embora me esmerasse nos consertos,
 

Eu a vivi de coração aberto.
 

Pedi perdão nos erros e, decerto,
 

Apesar dos percalços e das dores,
 

Aos meus acertos não pedi louvores.
 

Mas se o tempo voltasse a minha estrada,
 

Eu seria bem mais pra quem tem nada
 

Seria bem mais fértil nos favores!

 

 

Pergunta: Blog de Marcos Alfredo
 

 

"As dores do mundo", de momento
 

Citadas na canção fazem pensar
 

Que a paixão as permitem suplantar,
 

Mas levanto este questionamento:
 

Dentre as tantas, a do arrependimento
 

Da doença, que dos olhos rouba a cor,
 

Do exílio, que causa dissabor
 

Da mais temível "fera", solidão
 

Da injustiça, que fere a razão,Qual delas constitui a maior dor?

 

 

 

Ronaldo:

 


As dores que marcaram minha vida,
 

Machucando de morte os dias meus,
 

Em preces puras entreguei a Deus,
 

Numa graça por Ele concedida.
 

E depois dessa graça recebida,
 

A minha vida a Deus tendo entregado,
 

Liberto estou das dores do passado!
 

Há uma dor, porém, que me entristece,
 

Uma dor que resiste à minha prece:
 

A dor maior de amar sem ser amado!

 

PB Agora com Blog do Marcos Alfredo

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