José Serra sai em defesa de Cássio durante sabatina da Folha e classifica de “absurda” cassação de tucano
O candidato do PSDB à Presidência, José Serra, saiu em defesa de aliados nesta segunda-feira (21), durante sabatina do Jornal a Folha de São Paulo, e classificou de “absurdas” as cassações do ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) da Paraíba e Jackson Lago (PDT), do Maranhão.
O presidenciável também acredita que a Lei do Ficha Limpa não atrapalhará os aliados em 2010, ressaltando que Cássio é uma liderança e hoje desponta em primeiro lugar na preferência para o Senado
“É um absurdo. O Jackson foi cassado porque o governador o apoiava e ele foi numa solenidade em que o governador disse não sei o quê.”
Ambos podem ser impedidos de concorrer este ano pela Lei Ficha Limpa, o que causa apreensão na campanha tucana. Segundo Serra, a lei não deve ser usada contra os dois aliados.
“A lei teve como objetivo pegar malandro que rouba. Eles foram cassados, já foram punidos. Agora, diante da interpretação do TSE [Tribunal Superior Eleitoral], cada caso terá que ser julgado individualmente”, disse. “Presumo que a Justiça fará uma via rápida para resolver isso a tempo. Se não, vai ser uma grande confusão no país.”
Dossiê
Serra também falou sobre o suposto dossiê contra ele e tucanos. Segundo reportagem da Folha, os dados fiscais do vice-presidente do PSDB, Eduardo Jorge Caldas Pereira, levantados pelo “grupo de inteligência” da pré-campanha de Dilma Rousseff (PT), saíram diretamente dos sistemas da Receita Federal, como atestam documentos aos quais a reportagem teve acesso.
“Por que a Receita vai quebrar o sigilo de alguém e fazer vazar isso à toa? Não é à toa”, disse Serra. “Diante das evidências, caberia uma atitude mais dramática, de afastar as pessoas, pedir desculpas publicamente”, afirmou ele sobre a reação que Dilma deveria ter em relação ao caso.
O jornalista responsável pelo pedido de levantamento de informações saiu da campanha petista, mas Dilma nunca foi a público dizer que houve falha de sua campanha. O presidente Lula chegou a dizer que o caso seria uma “armação”.
PP
O candidato disse que não perdeu a esperança de atrair o PP para sua coligação. O partido flertou com Serra, mas agora indica que ficará neutro na disputa. “Ainda não acabaram as coisas, temos até o fim do mês. O PP tem alianças no Rio Grande do Sul, com o PSDB. O Brasil é heterogêneo, os partidos também são. Estamos trabalhando”, disse Serra.
Perguntado sobre as chances matemáticas de fechar com o PP, o tucano arriscou uma metáfora futebolística, no estilo do presidente Lula: “Não sei qual é a chance, mas, se soubesse, não diria. Se numa partida de futebol o técnico diz: ‘Acho que a chance do Kaká entrar pela esquerda e cruzar para o Elano é de 80%’. Isso não ocorre. Porque vão marcar o Kaká e o Elano.”
Ele ainda evitou comentar sua participação como protagonista do programa do PSDB, na última quinta-feira. “A Justiça vai julgar.”
Em seguida, atacou o PT e candidata Dilma. Segundo ele, está havendo “uso da máquina”. “Por exemplo, falar de crack e no dia seguinte vir um programa contra o crack”, disse, referindo-se ao episódio em que sua adversária levantou o problema da disseminação do vício e, em seguida, o governo federal lançou um plano nacional de enfrentamento da droga.
Serra ainda defendeu o fim da reeleição, mas disse que não transformará a ideia em “programa de governo”.
CPMF
Questionado sobre a extinção da CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira) e se ela voltaria num eventual governo tucano, Serra se esquivou de responder.
“A CPMF, quando foi extinta, já não estava mais vinculada à saúde. Essa história de que prejudicou a saúde é conversa. O dinheiro da saúde já vinha escasseando, porque o governo deixou de mandar.”
O tucano afirmou que só pode falar de criação ou extinção de imposto no contexto de uma reforma tributária. Sobre essa reforma, repetiu um mantra de campanha: “É como eletricidade e água encanada. Todo mundo é a favor”.
Segundo Serra, o governo precisa de um projeto claro a respeito. “A primeira coisa que um governo deve ter é um projeto. Segundo: batalhar pelo projeto. E, em terceiro, ganhar a opinião pública.”
O tucano repetiu que “temos a maior carga tributária no mundo em desenvolvimento, a maior taxa de juros”. “Tem algo errado aí. Com toda essa grana, se gasta mal o dinheiro.”
Para ele, a preocupação com a eficiência no gasto público é “pequenininha” e fica “lá no horizonte”.
Nota Fiscal Brasileira
Serra prometeu ainda fazer a Nota Fiscal Brasileira, nos moldes do programa Nota Fiscal Paulista, criada por ele em São Paulo. Segundo ele, não é promessa, é um “anúncio”.
Márcia Dias com Folha OnLine
PB Agora