O governador de São Paulo, José Serra (PSDB), rebateu nesta segunda-feira a declaração do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que uma chapa puro sangue no PSDB, reunindo Serra e o governador Aécio Neves (MG), pode ser prejudicial para o desempenho da oposição. Para Serra, é possível dois craques no mesmo time.
“[Dois craques] podem [jogar no mesmo time]. Quando um jogador é muito bom, dá para duplicar, encontra um jeito de se arrumar no campo”, disse o tucano.
Serra negou que estivesse falando de política, mas questionado sobre se sua teoria poderia ser aplicada na política, o tucano respondeu que pensaria sobre isso.
Aécio desistiu de sua candidatura à Presidência em favor de Serra. Os tucanos querem, no entanto, que ele seja o vice do governador de São Paulo, ideia que vem sendo recusada pelo mineiro. Lula questionou essa possível chapa puro sangue.
“Não sei. Eu acho que num time de futebol… não sei se dois coutinhos, se dois tostões, se dois Dirceus Lopes dariam certo no mesmo time. Não sei. Às vezes, é preciso fazer uma composição diferenciada para poder dar certo, então… mas aí o PSDB que decide”, disse o presidente.
Serra evitou comentar comentar o resultado pesquisa Datafolha divulgada ontem. Ele lidera a corrida pela sucessão presidencial de 2010 e a petista Dilma Rousseff se consolidou no segundo lugar.
O tucano aparece com 37% das intenções de voto. Dilma está com 23%, seguida do deputado Ciro Gomes (PSB-CE), com 13%, e da senadora Marina Silva (PV-AC), com 8%. Os votos branco ou nulo somam 9% e os indecisos, 10%. No cenário sem o nome de Ciro, Serra vai a 40% e Dilma, 26%. Marina Silva atingiria 11%.
O governador de São Paulo confirmou o encontro com Lula na quarta-feira, como informado pela manhã pelo presidente. Para fugir da imprensa, Serra disse que estava com pressa e acabou entrando no carro errado, o que fazia a sua segurança.
Jogo
Lula disse hoje que a desistência de Aécio em disputar a Presidência em 2010 pode não ser definitiva e deve ter sido provocada pelo “jogo” interno do PSDB para que o governador de São Paulo seja o candidato.
Na avaliação do presidente, a saída de Aécio não provoca mudanças na estratégia do PT de polarizar as próximas eleições, comparando o projeto do seu governo e a gestão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
As declarações do presidente foram feitas durante uma conversa informal com jornalistas. Lula disse que deve telefonar para Aécio após as comemorações do fim de ano.
“Acho que ele fez um gesto muito mais para dentro do PSDB, em função de que está percebendo que há um jogo para que o Serra seja o candidato. Não conversei com ele. Vou procurá-lo no início do ano que vem, vou conversar com o Serra na quarta-feira, quando estarei em São Paulo.”
O presidente afirmou que não sabe se a decisão do governador mineiro pode ser revertida e que não muda nada para a pré-candidatura da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil). “Não sei se o Aécio explicitou, porque tomou essa decisão. Se é definitiva ou se é jogo de pressão eu não sei. Para a Dilma não muda muita coisa. Seja com Serra ou com Aécio, a estratégia montada vai ser a mesma. Nós queremos é uma campanha polarizada com dados comparativos dos dois governos”, afirmou.
FOlha
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