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Serra vai se lançar candidato defendendo Estado ativo

Governador já definiu as diretrizes do discurso, que vão incluir conceitos como o de ‘sociedade influente’

Sinceridade, serenidade, crítica sem agressão, propostas no lugar de promessas são as linhas gerais da campanha presidencial do governador de São Paulo, José Serra, que já estão delineadas e farão parte do discurso dele no ato oficial de lançamento da candidatura, previsto para o fim da primeira semana de abril em Brasília.

As datas mais prováveis são sexta-feira, 9, ou sábado, 10 de abril, dias considerados mais eficazes em termos de aproveitamento nos meios eletrônicos.

A decisão de não fazer o ato no início da semana é porque logo depois do feriado da Semana Santa os convidados poderiam ter dificuldades de estar em Brasília.

Definida a agenda, a hora agora é de Serra preparar a transição administrativa do governo de São Paulo e pensar na melhor forma de se apresentar ao eleitorado com um esboço de seu programa de governo, onde o conceito de “Estado ativo” é o fio condutor.

Questões políticas ficam para depois. A organização das coligações estaduais será feita em abril e maio, mas a definição do candidato a vice-presidente pode só ocorrer perto da realização da convenção do partido, em junho.

Por enquanto, Serra não quer falar – e gostaria muito que o partido também não falasse – da questão Aécio Neves. No entendimento dele, a pressão é contraproducente.

Tanto para o êxito da formação da chapa tal como os tucanos consideram o ideal, quanto para a candidatura presidencial, pois fica a impressão de que a vitória depende do vice.

A matriz do discurso de Serra, e consequentemente de seu programa, no lançamento da candidatura é o pronunciamento feito na posse como governador de São Paulo, há três anos.

Na ocasião, José Serra disse que iria governar o estado “voltado para o Brasil”.

Foram palavras nitidamente referidas no projeto futuro de voltar a se candidatar a presidente da República e que será retomado agora, no momento da concretização do plano.

José Serra apresenta-se como defensor do “ativismo governamental”, que define como um meio-termo entre “o poderoso Estado Nacional Desenvolvimentista do passado” e o “Estado da pasmaceira, avesso à produção”.

Até porque “aquele Estado ficou no passado, mas a questão nacional e a questão do desenvolvimento continuam no presente”.

“O objetivo de materializar as condições de uma plena cidadania exige políticas nacionais, exige ativismo governamental na procura do desenvolvimento e da maior igualdade social.”

Assistência social? Na visão de Serra, tais políticas são “justas e necessárias”, desde que o Estado se empenhe em promover o desenvolvimento para não transformar os pobres em uma “clientela cativa do assistencialismo”.

E o que falta para aumentar a capacidade produtiva e o emprego? Na opinião do candidato, capital há.

O que não existe são oportunidades lucrativas de investimentos, “espantadas pela pior combinação de juros e câmbio do mundo, em meio a uma carga tributária sufocante”.

Serra prega a “necessidade de uma prática transformadora na política brasileira”, começando pelo repúdio ao “mote fatalista e reacionário de que a desonestidade é inerente à vida pública, que o poder necessariamente corrompe o homem. Não é assim, alguns homens corrompem o poder”.

Essa transformação implica o controle firme do Estado por ele próprio, “funcionando como um todo coerente sob o ponto de vista moral, da eficiência e das metas” sem aceitar a banalização do mal na política.

Um instrumento indispensável é o controle do Estado “por uma sociedade atuante, capaz de se defender dos abusos e de influir nas ações públicas”.

Sobre o papel da oposição Serra falava na perspectiva de opositor ao governo federal, mas mantém, como pretendente a presidente, a validade do conceito: “À oposição cabe, óbvio, se opor. A governabilidade é tarefa de quem obteve das urnas o mandato para governar. Quem é altivo na derrota não se sujeita. Quem é humilde na vitória não exige sujeição”.

 

 

Estadão

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