Gente, vamos parar com o cinismo e combinar o que é óbvio gritante: o ilustríssimo Roberto Santiago não foi mandado para um presídio, como determina a lei, mas para uma cela especial num batalhão da PM, pelo simples fato de ser quem é: um megaempresário do ramo de Shopping Center e, portanto, um homem muito rico, e neste pais do faz-de-conta, rico pode tudo. O resto, e lero-lero…
A lei é clara: se o sujeito não tem curso superior, não tem essa de cela e tratamento especiais. Portanto, o lugar deste é no presídio e não onde se encontra trancafiado, numa cela especial Batalhão da Polícia Militar.
Do lado dos que morrem de pena de Roberto Santiago, independente dos crimes de que ele é acusado, a alegação beira a raia do cinismo. Argumentam: sendo Santiago, uma figura conhecida, um homem muito rico e que (pasmem!) “desperta até inveja por ser bem sucedido” – como alegou um comunicador em comentário na imprensa local – estaria correndo risco de morte se posto num presídio ao lado de outros marginais. Ora, mas e a lei, deixa de ser cumprida? A regra não estabelece exceções.
A débil alegação de risco de morte cai por terra quando se toma como exemplo (aliás muito recente) a prisão do jornalista Fabiano Gomes, diga-se de passagem, envolvido nas mesmas investigações que Roberto Santiago com quem, tudo indica, teria formado parceria na mesma lambança.
Quem, de fato, corria mais risco de morte se levado para um presídio: Fabiano Gomes que diariamente bradava nos microfones e nas telinhas de TV que “bandido bom é bandido morto”; que detonava os Direitos Humanos acusando-o de só defender bandidos, ou Roberto Santiago, de quem nunca se ouviu uma só palavra contra ou a favor de bandido? Santiago é o tipo que vive dedicado ao seu trabalho e aos seus empreendimentos, embora para enriquecer ainda mais muito provavelmente cometeu crimes pelos quais está preso. Que razões os eventuais companheiros de presídio teriam para sequer ameaçar Santiago? Fabiano, apesar de todo o risco que verdadeiramente corria, foi mandado para o PB-1, mesmo tendo dito o que disse contra os bandidos, além de ser infinitamente mais conhecido na Paraíba do que Roberto Santiago.
Fabiano, como todos sabem, foi mandado para o PB-1. Ali viveu uma das mais arriscadas rebeliões, que foi quase uma tomada do presídio, embora sem ter qualquer participação. Mas poderia ter sido fuzilado a título de vingança pelos seus reiterados comentários contra a bandidagem. Saiu ileso e, pelo eu ele mesmo disse, não sofreu em ameaças de bandido nenhum.
Outro caso emblemático: a prisão do Playboy Rodolfo Carlos, que atropelou e matou um agente de trânsito, em João Pessoa. Quase fica na impunidade também pelo fato de ser neto do magnata do café, José Carlos de Silva Júnior. Mas com a pressão através da cobrança permanente da sociedade e de alguns veículos de comunicação, terminou indo para o Presídio PB1 e foi mostrado em rede de TV perfilando entre bandidos a caminho da cela, algemado, cabisbaixo e humilhado. Ficou no presídio, embora por pouco tempo, mas não se soube que os bandidos tenham sequer reclamado da sua honrosa presença.
E mais…
Os presídios estão abarrotados de gente pobre que para ali foi levada para ficar cara-a-cara com inimigos mortais. Estes, sim, correndo sério risco de morte ou de matar. Como se trata de gente sem status elevado, porém, parte da sociedade e dos que defendem os privilégios para Roberto Santiago, talvez desejem mesmo é que “estas almas sebosas se matem…”
É só não…
Se o sujeito não quer “desfrutar” dos dissabores de uma cadeia, de correr os eventuais e possíveis riscos, faça por onde não os merecer. Não tem outra regra. Não é admissível e é até imoral contrariar-se as leis por excesso de zelo com fulano, beltrano ou cicrano, dependendo do seu status social ou do volume de sua conta bancária.
A propósito me digam: quem mais, afora Roberto Santiago, encontra-se em preso em cela especial de batalhões de polícia, sem que tenha diploma de curso superior? Por que qualquer um outro que não tenha tanto dinheiro e status como Roberto Santiago envolvido nas mesmas circunstancias desceriam imediatamente para o presídio ele não?
Parêntese
Detalhe importante: é bom lembrar que no Brasil, dito país da impunidade, um homem com o status e a riqueza de Roberto Santiago não iria preso, jamais, sem que, no mínimo, recaísse sobre ele acusações das mais graves possíveis e indícios de culpa fortes demais…
Contextualizando
Roberto Santiago está preso em cela especial num Batalhão da PM, em João Pessoa. Ele foi preso na Operação Xeque-Mate acusado de participar de uma organização criminosa que praticou corrupção e fraudes licitatórias, no município de Cabedelo, onde inclusive teria comprado o mandato de um prefeito.
Wellington Farias
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