A ausência de um projeto de nação e a falta de planejamento estratégico causam embaraços e perdas para o País, como no caso dos portos, setor prejudicado por gargalos logísticos que levam o Brasil a deixar de receber pelo menos US$ 83 bilhões por ano. Mas apesar de os problemas estruturais exigirem da Chefe de Estado atenção e dedicação redobradas, a presidente da República assumiu a condição de candidata, e prematuramente passou a direcionar sua agenda à consolidação de sua candidatura para 2014.
Esta crítica sobre a inadequada postura da presidente Dilma diante dos desafios que se impõem ao crescimento da economia brasileira foi feita, na sessão plenária desta segunda-feira (29/04), pelo senador Alvaro Dias (PSDB-PR). O senador citou o editorial do jornal “Estado de S.Paulo”, que afirma ser difícil dizer “onde termina a presidente e onde começa a candidata, embora Dilma tenha um país a administrar”.
Ainda de acordo com o jornal, “tendo como seu 40.º ministro o marqueteiro João Santana, a presidente não dá um passo com outro objetivo que não seja o de consolidar sua candidatura precocemente oficializada e avançar em redutos de seus possíveis adversários. Os problemas do Brasil – e de todos os brasileiros – que esperem”. No discurso, Alvaro Dias criticou o fato de as ações e deslocamentos da presidente serem minuciosamente calculados à luz das próximas eleições.
“Entretanto, não é possível reverter o atual cenário de adversidades generalizadas priorizando o marketing e o palanque próximo. As deficiências de nossa infraestrutura logística se agravam a cada dia. Os sistemas rodoviários e ferroviários estão esgotados.
O sistema portuário brasileiro é um dos mais lentos do mundo. Mas lamentavelmente, vemos que, diante dos problemas, o governo privilegia o curto prazo em detrimento do amanhã”, afirmou o senador. Um estudo do professor Paulo Rezende, da Fundação Dom Cabral, foi citado pelo senador tucano para demonstrar o quanto o Brasil perde com os custos logísticos enfrentados pelos produtores. “Se o Brasil produzisse 20% a mais de grãos, os portos de Santos e Paranaguá travariam.
Em suma, não só a safra de 2014, mas também a de 2015 já está comprometida”, disse Alvaro Dias, que também apresentou dados da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), apontando o Brasil na 106ª posição no ranking de 118 países no quesito “eficiência portuária”. Ainda no discurso, o senador criticou as atuais medidas paliativas e imediatistas anunciadas pelo governo para tentar reverter o quadro de baixo crescimento da economia.
“Há um prejuízo colossal em curso, ou uma bomba-relógio de efeito retardado sendo armada pela incúria administrativa deste governo”, afirmou. Segundo ele, o pacote de incentivos para os setores químico e de etanol foi uma medida paliativa. Alvaro Dias citou conclusão do consultor Adriano Pires, para quem as medidas anunciadas “parecem estar mais relacionadas aos problemas que a Petrobras vem enfrentando do que aos problemas do setor de etanol, e é sabido que o aumento da mistura vai aliviar o caixa da empresa.
O pacote, mais uma vez, tem característica de política de governo e não de Estado, por atacar apenas o curto prazo”. O senador Alvaro Dias lembrou também as recentes denúncias sobre cobrança de propinas no programa Minha Casa Minha Vida, conforme revelou o jornal “O Globo”, e fez um apelo para que seu requerimento de convite ao ministro Aguinaldo Ribeiro, das Cidades, para que venha ao Senado esclarecer as fraudes, seja votado nesta terça-feira, na Comissão de Assuntos Econômicos.
Assessoria
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