Degraus, lixo amontoado, entulhos, carros estacionados, mato, postes, vendedores ambulantes, árvores e até mesmo a inexistência de calçamento são parte das características encontradas na maioria das calçadas de João Pessoa. “São todas muito ruins”, declara o secretário da Superintendência Executiva de Mobilidade Urbana, Carlos Batinga.
Diagnóstico fácil para quem caminha e precisa se deslocar pelas ruas e diariamente corre riscos porque precisa, literalmente, caminhar pelo meio da rua como a reabilitadora na área de informática do Instituto dos Cegos, Ana Lúcia Leite que é cega há 26 anos.
“É um sofrimento diário”. Ana cita como exemplo o trecho entre a Avenida Epitácio Pessoa e a sede do Instituto dos Cegos Adalgisa Cunha na Avenida Santa Catarina, por onde diariamente trafegam os cegos usuários do local. “Não tem uma calçada que não tenha obstáculo nesse caminho, é uma tragédia”. Ela destaca a falta de políticas públicas e fiscalização, e aproveita para lançar um desafio aos gestores: “coloquem uma venda nos olhos, desçam na integração e tentem seguir por qualquer calçada”.
Segundo o Código de Posturas de João Pessoa, os proprietários de imóveis devem manter as calçadas permanentemente conservadas e limpas. Mas não é o que acontece. Falta manutenção e principalmente padronização. Segundo Batinga, o retrato das calçadas na capital é resultado de mais de 40 anos de destruição onde foram priorizadas máquinas e não pessoas. “Isso é um erro crasso que já está sendo revisto”, destaca.
O secretário se refere às obras que estão sendo realizadas na Avenida Beira Rio, entre a Igreja Batista e a orla marítima. Segundo ele, todas as calçadas devem ser requalificadas tendo como prioridade o pedestre e o ciclista. As ações fazem parte do projeto “Cidades Sustentáveis” do Banco Mundial. A capital paraibana é uma das oito cidades selecionadas no Brasil para implantação do piloto que envolve ainda iluminação e urbanização da via.
PB Agora