‘Doar é um ato de amor’, mas para 66% das famílias paraibanas entrevistadas recentemente pela Central de Transplante Estadual, a resposta é ‘não’ a autorizar a doação de órgãos de seus entes. Segundo Gyanna Lys Montenegro, diretora da Central de Transplante Estadual esse é o maior entrave para o crescimento no número de transplantes na Paraíba.
O principal motivo que faz as listas de espera para transplante serem tão demoradas é o número reduzido de doadores diante da grande demanda de pacientes que esperam pela cirurgia. Muitas pessoas deixam de doar seus órgãos por desconfiar da segurança na confirmação do diagnóstico de morte encefálica; e, nos casos de doação ainda em vida, o medo é relacionado ao restabelecimento do organismo após a doação, bem como aos riscos envolvidos em cirurgias complexas. Mas a verdade é que a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) existe para assegurar que qualquer procedimento relacionado ao transplante seja realizado somente nos casos onde não se oferece qualquer risco tanto ao doador quanto ao receptor.
Gyanna Lys acredita na doação de órgãos como sendo um ato espontâneo e solidário. Apesar da resistência, o número de doação de órgãos e transplantes realizados no Brasil no primeiro semestre de 2018 subiu 7% em relação ao mesmo período de 2017, segundo dados do Ministério da Saúde. No entanto, mesmo sendo o segundo maior transplantador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos, a demanda no país ainda ultrapassa muito o número de cirurgias realizadas, resultando em angustiantes filas de espera. A Paraíba seguiu a tendência nacional e, apesar dos transplantes de córnea e fígado terem crescido nos últimos quatro anos, ainda está distante do satisfatório.
Importante pontuar que a Paraíba tem capacidade de realizar também transplantes de rins, coração e medula óssea, no entanto, o número de doações é muito baixo com a maioria dos órgãos transplantados vindos de outros estados. Para tornar-se um doador, basta comunicar seu desejo aos familiares.
Redação