O Brasil é o país onde a população mais se preocupa com a saúde mental. Isso é o que revela a Pesquisa World Mental Health Day 2021, realizada pelo Instituto Ipsos, que aponta que três em cada quatro pessoas no Brasil afirmam pensar muito ou consideravelmente no próprio bem-estar mental. A psicóloga do Sistema Hapvida, em João Pessoa, Michelle Costa explica que alguns fatores podem estar atrelados a este cuidado positivo que os brasileiros demonstraram ter com a saúde mental.
“Alguns fatores podem contribuir para essa realidade que apresenta o brasileiro como uma população que tem se preocupado em manter a saúde mental. Entre elas, podemos citar: a pandemia, pelo medo iminente da morte; fatores econômicos e sociais, como desemprego, baixo poder aquisitivo, medos de passar necessidades financeiras e submeter os dependentes ao mesmo; e pressões no trabalho, por exemplo. Todos estes são pontos que fizeram com que os brasileiros ligassem o alerta para entender suas limitações e buscar mais qualidade de vida no âmbito das emoções”, esclarece.
Michelle ressalta que essa preocupação com a saúde mental pode ser vista também como um reflexo do período de pandemia, que levou os indivíduos a terem um autocuidado mais significativo e pensarem mais em se cuidar, não só emocionalmente, mas também fisicamente. E por falar em saúde física, a especialista afirma que deve haver, sim, uma relação de cuidado de mesmo nível entre essas duas áreas da saúde humana.
“É importante esse caminhar junto entre a saúde física e mental, tendo em vista que problemas de saúde física podem impactar a saúde mental e o bem-estar das pessoas. Da mesma forma, problemas de saúde mental podem causar ou agravar problemas de saúde física. É importante entender os sintomas do desequilíbrio que se apresenta, suas complicações e a forma de lidar com as possíveis adversidades. Devemos preservar nossa saúde e manter a saúde emocional e saúde física em harmonia”, pondera.
Mulheres – Entre os participantes da pesquisa, que foi aplicada em 30 países, os perfis que mais apresentam preocupação com a saúde mental e física são as mulheres e pessoas com menos de 30 anos. Nesse sentido, a psicóloga destaca que o dado pode estar ligado a um processo histórico, no qual se coloca o homem como um ser capaz de suportar qualquer coisa, inclusive, a dor do adoecimento.
“Isso é um ponto que deve ser levado em consideração na hora de falar sobre essa questão de perfil, pois o próprio processo histórico faz com que os homens busquem cada vez menos os serviços de saúde. Já as mulheres, que vêm cada vez mais somando atribuições (como as atividades domésticas, trabalho, maternidade e etc.) acreditam que, para desenvolverem melhor essas atribuições, precisam estar saudáveis fisicamente e psiquicamente”, aponta Michelle Costa.
Autocuidado – A especialista reforça que é extremamente importante desenvolver o autocuidado, que pode ser caracterizado pelo conjunto de hábitos e condutas saudáveis adotados por uma pessoa, que visa o próprio bem-estar e saúde mental. Sendo esse cuidado feito em todos os momentos da vida, não somente quando se está deprimido ou fisicamente doente.
“Os desafios do cotidiano, às vezes, fazem com que as pessoas se esqueçam de fatores que preservam a sua saúde mental. Dessa forma, vivem a constante influência de emoções, pensamentos e sensações negativas. O estado da nossa saúde mental depende dos cuidados que temos conosco. Quando possuímos um estilo de vida pouco saudável, trabalhamos em um ambiente estressante ou convivemos com pessoas difíceis, a nossa saúde sofre ataques frequentes. Para reverter esta situação, o ideal é buscar ambientes e relacionamentos agradáveis”, sugere e finaliza.
Mais Dados – De acordo com o levantamento do Instituto Ipsos, os números apresentados colocam o Brasil com a população que mais se preocupa com a saúde mental (75%). Em seguida,vem a África do Sul (73%) e o Peru (71%). Por outro lado, chineses (26%), sul-coreanos (31%) e russos (33%) são os que apresentaram menos preocupação com a saúde mental. A média global alcançou a marca de 53%.
Os dados da pesquisa foram coletados de 20 de agosto a 3 de setembro de 2021 e foi desenvolvida com 21.513 pessoas com idade entre 16 e 74 anos, sendo a margem de erro para o Brasil de 3,5%.
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