Categorias: Saúde

CAOS: falta de pediatras compromete atendimento em Cabedelo

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A falta de médicos pediatras no Hospital Municipal Padre Alfredo Barbosa, em Cabedelo, está gerando um caos na saúde pública da cidade portuária. Uma reportagem da imprensa local, feita pelo jornalista Wellington Costa, do portal Soltando o Verbo, relata a negligência, o descaso e a desumanidade no atendimento de crianças indefesas.
 

Tudo começou com uma avalanche de denúncias que logo foram comprovadas. A reportagem do jornalista ocorre em forma de relato, enumerando passo a passo o início, o meio e o desfecho da apuração do fato.

Entenda
 

Há cerca de três meses, a reportagem vinha recebendo ligações telefônicas, mensagens de texto e e-mail’s denunciando a falta de pediatras no Hospital Municipal Pe. Alfredo Barbosa, em Cabedelo, o que tem comprometido o atendimento às crianças.

Na madrugada do dia 05 deste mês, por volta das 00.30hs, o jornalista Wellington Cosa foi conferir de perto as denúncias e chegando lá constatou in loco todas as denúncias. A primeira ocorrência foi testemunhada logo na chegada. A criança, um menino de um ano e oito meses, apresentava vômito, dificuldade de respirar e febre de 40ºC. Ao chegar no Hospital, o quadro que se apresentou logo na entrada era desolador. Pessoas sendo atendidas nos corredores, pacientes acomodados em cadeiras de roda sendo medicadas e crianças que voltavam nos braços dos pais sem terem recebido atendimento médico.
 

Ao se aproximar da recepção para solicitar atendimento médico, o jornalista foi atendido por uma funcionária que lhe orientou, educadamente, que levasse seu filho às pressas para outro hospital da Capital, pois no Padre Alfredo Barbosa, não havia pediatra’’.
 

Costa continuou insistindo com a atendente: “Mas, meu filho está vomitando e com 40ºC de febre, ele precisa de atendimento médico urgente”, – suplicava. “Sinto muito senhor” – respondeu a funcionária, “Eu lhe oriento a ir para outro hospital”, e alertou: “Eu não lhe aconselho a voltar sequer amanhã pela manhã, pois é improvável ter pediatra aqui”.
 

Insatisfeito, o jornalista ainda perguntou se havia sido o médico que havia faltado ou se realmente era médico que não havia no hospital. ‘Não, o médico não faltou’’, – disse a recepcionista. “É pediatra que o hospital não tem” – revelou.
 

Ainda insistindo com a funcionária, não como jornalista, mas agora como um pai desesperado que se colocou no lugar de outros pais que precisassem de atendimento médico, perguntou: “E o que vocês estão fazendo com as crianças que chegam aqui para serem atendidas por um médico”? “Estamos pedindo que procurem outro hospital na Capital”, – respondeu a funcionária com semblante de decepção.
 

Denúncias são comprovadas
 

Como vimos a falta de pediatras no Hospital Padre Alfredo Barbosa, em Cabedelo, na madrugada do domingo (05/02), causou transtornos a várias famílias do município. Segundo alguns pais, que foram encontrados saindo do hospital naquela manhã, as crianças não estavam sendo atendidas no Pe. Alfredo Barbosa porque não havia pediatras, e o fato não é isolado, como apuramos, o problema é antigo.

Assistente Social do Hospital: Despreparo e falta de profissionalismo

A reportagem procurou falar por telefone através do número 3228-6665 com o Hospital na tarde do dia seguinte, porém, para surpresa da reportagem, foi atendida por uma senhora que se dizia ser Assistente Social e que, de forma bastante indelicada, recusou-se a fornecer seu nome. A suposta Assistente Social se apresentou apenas pelo nome de ‘Carmem’, recusando-se a fornecer seu sobrenome, porém, confirmou que o hospital não possui pediatra e que o mesmo está orientando as pessoas a procurar outra unidade de saúde em João Pessoa. “Estamos sem pediatra, é tudo o que eu posso dizer, se vocês querem mais informações, procurem o diretor do hospital”, – disse a suposta profissional.
 

Ainda repetimos a pergunta sobre o que está sendo feito com as crianças que procuram atendimento de urgência, ao que nos respondeu que “apenas os casos de urgência estão sendo transportados para a Capital na ambulância do município”. ‘Carmem’, além de se recusar a dar seu nome completo, o que é crime na Administração Pública, ainda se recusou a fornecer o nome do diretor do hospital.
 

Hospital se justifica
 

Recentemente, procuramos falar com o coordenador de RH da instituição, Christoff Siqueira, responsável pela confecção das escalas do hospital. Siqueira reconheceu que há demanda de profissionais e que o hospital trabalha no limite do quadro de profissionais.
 

A reportagem procurou saber quantos pediatras existem atualmente nos quadros do hospital e, segundo Christoff Siqueira, são apenas 19 profissionais, quando o ideal seriam 28. “O hospital Pe. Alfredo precisaria hoje de 28 profissionais, só assim teríamos condições de oferecer atendimento ideal para atender a demanda’, – revelou.
 

Ainda de acordo com o Coordenador de RH, o hospital atualmente, não tem condições de atender crianças nos finais de semana, pois, a escala é elaborada segundo as disponibilidades dos profissionais.
 

Perguntado sobre como a carência de pediatras afetava o atendimento das crianças internadas no Pe. Alfredo Barbosa, o Coordenador de RH respondeu que diariamente, os profissionais visitam os internos, porém, apenas com relação a atendimentos clínicos, não é possível todos os dias da semana.
 

Prefeitura de Cabedelo confirma que está faltando médicos desta especialidade no HPAB e que não encontra profissionais para contratar.
 

O Secretário de Saúde Ironildo Oliveira (foto), reconheceu o problema, mas disse que a culpa não é do município. Para ele, a prefeitura já vem divulgando o interesse em contratar novos profissionais, porém, ninguém apareceu interessado. “Já anunciamos em jornais e rádio nosso interesse em contratar pediatras, mas ninguém apareceu”.
 

Perguntamos se nenhum pediatra prestou concurso recentemente. O secretário respondeu que sim, mas o prefeito não pode homologar o concurso enquanto a justiça não decidir se anula ou não. “O promotor Valério bronzeado pede a anulação do concurso, já o promotor Wildes Saraiva entende que os concursados precisam ser convocados imediatamente, ocupando o lugar dos contratados, enquanto isso não for resolvido, não podemos chamar os concursados’, – revelou.
 

A reportagem ainda perguntou ao secretário, que motivo ele atribui para que nenhum pediatra tenha se mostrado interessado pela vaga. “Certamente é por falta de profissionais no mercado, – disse. “Inclusive, pode até parecer ironia, mas se você conhecer algum pediatra, nos avise que vamos ver se o contratamos’, – concluiu Ironildo Oliveira.
 

Sobre o comportamento da suposta Assitente Social, o Secretário no mesmo instante buscou informações sobre a profissional, disse que este comportamento não corresponde ao que espera a secretaria e disse que iria apurar o caso.

Quanto custa um pediatra para o município
 

Constatamos que o que pode estar desestimulando os profissionais a trabalharem em Cabedelo é o baixo salário oferecido pelo município. Como bem explicado pelo secretário de saúde, a prefeitura paga atualmente R$ 500,00 por um plantão de 12 horas, o que é considerado baixo pela categoria, que recebe entre R$ 700,00 em outras cidades da grande João Pessoa e interior da Paraíba, chegando a receber até R$ 1.000,00 pela mesma carga horária no Estado.
Hospital continua interditado pelo CRM-PB
 

O hospital permanece interditado pelo CRM-PB, por falta de anestesistas. Além da interdição, que ocorreu há cerca de quatro meses, os cabedelenses voltaram a perder o direito de terem seus filhos em Cabedelo, já que o hospital atualmente, não atua mais como maternidade.
 

O problema com a falta der anestesistas poderá acabar nos próximos dias. Pelo menos foi o que garantiu o Secretário de Saúde. Segundo ele, “o prefeito José Régis já autorizou firmar contrato com a Cooperativa de anestesistas, o que ocorrerá nos próximos dias”, – disse.
 

Enquanto o problema continuar, sem que a população sequer faça idéia da gravidade do caso, crianças permanecem correndo o risco de não receberem atendimento médico na velocidade que o caso requer, pois, dependendo do quadro de saúde, o problema poderá se agravar no deslocamento até a Capital, retrocedendo a um procedimento que só era feito há cerca de 25 ou 30 anos.
 

Além dos problemas apresentados, a nossa equipe ainda encontrou o hospital passando por algumas reformas estruturais, mas também apresentando um visível quadro de falta de higiene, como mal cheiro e paredes com sinais de umidade, infiltrações e mofo. Apesar de todo o esforço do Secretário Municipal de Saúde em desempenhar bem seu tabalho, alguns membros da sua equipe, parecem não estar muito interessados em colaborar para isso.

 

Redação com Soltando o Verbo

 

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