Um estudo da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) aponta que o número de mortes causadas pelo novo coronavírus no Brasil vem dobrando a cada cinco dias, em um ritmo que supera os EUA (seis dias) e Itália e Espanha (oito dias), países líderes de óbitos pela COVID-19.
Segundo dados da mais recente nota técnica do MonitoraCovid-19, um sistema da Fiocruz que reúne números da pandemia do novo coronavírus e a velocidade de disseminação da doença, a duplicação a cada cinco dias mostra que no Brasil a propagação é preocupante.
“Os dados de óbitos são mais confiáveis do que os dados de casos para medir o avanço da epidemia. Isso porque, no caso do óbito, mesmo o diagnóstico que não foi feito durante a evolução clínica do paciente pode ser investigado”, explicou o epidemiologista Diego Xavier, pesquisador do Instituto de Comunicação e Informação em Saúde (Icict), da Fiocruz.
“Além disso, a situação clínica do paciente que vem a óbito é mais evidente, quando comparada aos casos que podem ser assintomáticos e leves”, acrescentou Xavier, um dos responsáveis pelo trabalho.
O mesmo estudo mostra que a COVID-19 avança rapidamente para as cidades do interior do Brasil, sendo que todos os municípios com mais de 500 mil habitantes já possuem casos da doença, enquanto 59,6% daqueles com populações entre 50 mil e 100 mil possuem registros.
Em entrevista a imprensa o epidemiologista da Fiocruz considerou “arriscada” a ideia de suspender o distanciamento social em cidades sem casos registrados do novo coronavírus, já que a doença pode estar circulando nessas localidades, mesmo que não existam registros oficiais.
“À medida que a doença avança para o interior e atinge cidades menores, a demanda por serviços mais especializados de saúde, como UTIs e respiradores, também cresce. Só que esses municípios menores, em sua maioria, não detêm esses recursos de saúde, então terão de enviar seus pacientes a centros maiores, que já apresentam leitos, equipamentos e pessoal de saúde em situação difícil”, avaliou Xavier.
O relaxamento do isolamento social é uma demanda antiga do presidente Jair Bolsonaro, que já chamou a COVID-19 de “gripezinha”, embora a doença possa atacar não só os pulmões, mas outros órgãos do corpo dos infectados. Algumas cidades, como Florianópolis, adotaram medidas de relaxamento na próxima semana, enquanto São Paulo e Rio de Janeiro, as duas capitais com mais casos no país, pensam em resistir por mais algumas semanas.
Redação com Sputnik
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