O Conselho Regional de Medicina do Estado da Paraíba (CRM-PB) fiscalizou o Hospital da Polícia Militar General Édson Ramalho, em João Pessoa, nesta quarta-feira (02), e constatou que há uma sobrecarga no setor de pronto atendimento, com pacientes internados nos ambientes de urgência e emergência. O hospital está com uma taxa de ocupação geral de 92%, mas em alguns setores este índice ultrapassa 300%, com pacientes sendo atendidos no corredor, em cadeiras e macas.
Na unidade de curta permanência (UCP), antes denominada como “área vede, amarela e laranja”, havia 23 pacientes internados no momento da vistoria do CRM-PB, por falta de vagas na enfermaria ou limitações na regulação. O local, no entanto, tem capacidade para 8 leitos, o que resulta em pacientes em macas e cadeiras no corredor. Na sala vermelha não-covid, que possui capacidade para 4 leitos com respirador e monitor, todos estavam ocupados e havia um paciente excedente, que foi transferido para a UTI, no momento da vistoria. A UTI, por sua vez, também está com 100% de ocupação (8 leitos).
Apesar do hospital não ser referência para pacientes com covid-19, foi relatado que a unidade acaba recebendo tais pacientes também. Os que estão estáveis, com boa saturação, são encaminhados para procurar os serviços de referência, como as UPAs. No entanto, os que estão instáveis, são estabilizados e regulados para os hospitais referência. Para estas demandas, há uma sala vermelha covid, com 3 leitos com respirador e monitor. Durante a vistoria, havia 4 pacientes nesta sala, excedendo a capacidade máxima.
O Édson Ramalho conta, atualmente, com uma equipe de plantão composta por cinco médicos, nas 24 horas, prestando assistência a uma demanda média de 127 pacientes a cada 12 horas. Os médicos relataram a sobrecarga de atendimentos, com risco de exposição das equipes de saúde à exaustão. Os médicos estão preocupados também com o sofrimento e transtornos aos pacientes que, algumas vezes, chegam a permanecer sentados em cadeiras e macas pelos corredores, aguardando um tempo médio de três dias por um leito.
“A situação do hospital está muito grave. Há uma quantidade enorme de pacientes de diversas clínicas como cardiologia, nefrologia, oncologia, gastroenterologia. A direção técnica do hospital nos informou que, frequentemente, os médicos plantonistas se deparam com pacientes infartados que não conseguem ser referenciados para os serviços apropriados por falta de vaga e terminam sem realizar as intervenções hemodinâmicas de urgência”, explicou o diretor de fiscalização do CRM-PB, Bruno Leandro de Souza.
Ele também explicou que o hospital, por ser “porta aberta”, ou seja, recebe pacientes no setor de urgência e emergência, acaba atendendo também pessoas com demandas que poderiam ser tratadas em unidades de menor complexidade, como postos de saúde. “Já estamos em diálogo com as gestões estadual e municipal para sugerir que seja criada uma estrutura, mesmo que temporária, para atender melhor estes pacientes. Precisamos observar os problemas e também sugerir soluções. Estamos em um momento grave de saúde pública, em que todos precisam se mobilizar”, completou o diretor do CRM-PB.
Em setembro do ano passado, o CRM-PB fiscalizou o hospital Édson Ramalho devido ao mesmo problema de superlotação. Nove meses depois, a unidade apresenta as mesmas irregularidades: excesso de pacientes para a capacidade instalada, permanência de pacientes no pronto atendimento por tempo superior a 24 horas, retardo na transferência de pacientes através da regulação de leitos. “Infelizmente, observamos que a situação deste ano está ainda mais grave que a do ano passado”, disse Bruno Leandro. Ele afirmou ainda que o relatório do CRM-PB será enviado ao diretor técnico do hospital, ao gestor estadual de saúde e ao Ministério Público.
Da Redação com Assessoria
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