Vem cá, como é que se explica que o Governo do Estado e algumas prefeituras paraibanas, dentre elas as duas maiores – João Pessoa e Campina Grande –, passaram a adotar flexibilização nas medidas de enfrentamento ao coronavírus, quando as próprias estatísticas oficiais indicam que os números inerentes a contágio e mortes causadas pela Covid-19 só aumentam?
Pela lógica, a flexibilização só deveria ser adotada na medida em que houvesse pelo menos uma queda razoável nos números de infectados e mortos. E olhe lá, porque flexibilizar de qualquer forma é atirar-se ao risco de uma retomada da onda de novos casos. Imagine, flexibilizar no momento em que a onda está subindo, ou seja: as mortes estão aumentando.
Agiram certos
Desde o começo da pandemia até o início da tal flexibilização, sobretudo, o Governo do Estado e a Prefeitura de João Pessoa vinham agindo corretamente nas medidas de enfrentamento do coronavírus. No entanto, não se sabe por quais razões – mas subentende-se que por pressões dos setores econômicos – houve um impróprio relaxamento, parecendo até uma adesão à política “genocida” adotada pelo Governo Federal em relação ao coronavírus.
É claro que o sucesso de uma empreitada dessa magnitude, ou seja, de enfrentar uma pandemia não bastam as ações dos setores públicos de saúde, mas, na mesma medida, da consciência e da adesão da população às providências. Em suma: quase não adianta as políticas públicas de combate à pandemia se a população não entende que sem distanciamento e isolamento sociais, sem uso de máscara, e sem aglomerações não há como vencer essa batalha.
Estabilizando
Pelos próprios números oficiais divulgados pela imprensa, que devem estar aquém do real considerando a taxa de subnotificação, o máximo que conseguimos foi estabilizar os números da covid-19. Estabilizar não significa, porém, reduzir, ou seja: quer dizer que se, por exemplo, estava morrendo uma média de 389 pessoas por mês continua morrendo a mesma quantidade.
Segundo dados da Secretaria de Saúde do Estado, o número de mortos confirmados teria subido para 1.558 desde o início da pandemia, o que dá em média 389,5 por mês.
Correndo frouxo
Como se não bastasse a flexibilização por si só, as simples notícias a respeito estão bombando os novos números do coronavírus, na medida em que gera nas pessoas desinformadas que são a esmagadora maioria a impressão de que a pandemia está passando e o vírus está se acabando.
A falta de consciência das pessoas já chega àquelas que consideramos pertencer às classes sociais mais “abastadas e esclarecidas”.
Tomemos como exemplos mais claros e recentes as aglomerações que se registraram nos velórios mais concorridos acontecidos nos últimos dias na Paraíba: era gente por cima de gente e havia até quem estivesse sem máscaras…
Wellington Farias
PB Agora