Primeira médica a fazer a associação entre a zika em mulheres grávidas e a microcefalia nos bebês, a médica Adriana Melo, alertou para o aumento dos casos de arboviroses, doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, em grávidas. Especialista em medicina fetal, ginecologista e obstetra, Adriana Melo alertou que a zika pode ser confundida com a dengue e, por isso, é importante sempre fazer um exame de PCR quando houver suspeita.
Segundo a médica, somente este mês atendeu duas pacientes com a doença, o que segundo ela, acendeu o sinal de alerta. Adriana Melo defendeu a realização de uma grande campanha por parte das autoridades de saúde para alertar as mulheres sobre o risco do surto. Ela teme o surgimento de um novo surto de microcefalia, semelhante ao de 2015.
Adriana Melo revelou que tem recebido pacientes com queixas típicas do zika e lembrou que os sintomas das doenças causadas pelo Aedes aegypti, são parecidos, o que pode confundir a população.
”O que me preocupou mais ainda foi que minha irmã, médica também, está com toda a clínica de uma arbovirose, típica de zika, e quando foi num serviço privado da cidade foi diagnosticada e notificada como dengue, sem ter feito nenhum exame”, contou.
Ela disse que ficou preocupada ao saber que nem os convênios e nem a rede pública, por enquanto, estão fazendo PCR de rotina para tentar diferenciar que arbovirose está sendo mais prevalente nesse momento.
A médica ressaltou que existem dois tipos de exames, a sorologia e o PCR, mas apenas o PCR fecha o diagnóstico para zika. Ele deve ser feito entre o terceiro e o sétimo dia de sintomas.
A diferenciação entre a dengue, a zika e a chikungunya é importante principalmente para as mulheres grávidas, já que contrair a doença durante a gestação pode levar a criança a nascer com microcefalia.
Adriana Melo informou que enviou uma mensagem diretamente para o prefeito de Campina Grande, Bruno Cunha Lima, já que esta é a cidade onde ela atua, solicitando que os exames voltem a ser feitos no município.
A médica foi pioneira em identificar a relação entre zika e microcefalia. Foi dela a primeira amostra retirada do útero de uma mulher grávida infectada que comprovou a relação entre o vírus e a má formação congênita.
Ela se colocou na posição de mulheres grávidas que ficaram totalmente paralisadas no momento do diagnóstico.
“Imagina você estar grávida e não saber o que vai ser do futuro do seu filho, se ele vai viver um dia, um mês, um ano e será capaz de andar e falar? Não havia nenhuma pesquisa sobre microcefalia causada pelo vírus zika na época, então não se sabia quase nada sobre a doença.”
Contar hoje a história da microcefalia associada ao vírus da zika (agora chamada de Síndrome Congênita da Zika) é fácil, mas a médica Adriana Melo foi uma das pioneiras nas pesquisas à época e precisou desafiar autoridades é até outros médicos para levar à frente sua tese sobre o problema.
Adriana Melo lembrou como foi difícil fazer valer a voz da ciência também naquela ocasião.
Ela lembrou que quando o vírus chegou no Brasil, no início de 2015, médicos e pesquisadores tiveram dificuldade para convencer as autoridades de saúde que não se tratava de uma forma atípica de dengue.
Em novembro do mesmo ano, quando coletou líquido amniótico de duas grávidas que tinham apresentado sintomas de zika, cujos fetos apresentavam malformações cerebrais, ela não tinha dúvidas que algo novo estava causando danos nos cérebros daqueles fetos, pois era um padrão totalmente diferente.
Indagada sobre o avanço da vacinação contra a Covid-19, e a importância da campanha, a médica Adriana Melo, destacou que a vacina produzida por diversos laboratórios representa uma vitória da ciência.
“É um avanço da ciência. Isso só mostra que com investimentos a gente pode controlar qualquer doença. Quando existem investimentos, as respostas são rápidas como foi o caso da Covid” observou.
Apaixonada por vacina, a médica lembrou que muitas doenças foram controladas graças à vacina, e defendeu a imunização em massa da população. Ela enfatizou que as pessoas não devem escolher nenhum tipo de laboratório, pois todos tem comprovação científica atestada.
Natural do Crato, no Ceará, Adriana Melo é filha de uma família pocinhense. Formou-se em Medicina pela Universidade Federal da Paraíba (UFPB) e trabalha no setor de Medicina Fetal do Instituto de Saúde Elpídio de Almeida (ISEA), em Campina Grande.
Entre outubro e novembro de 2015, a doutora Adriana tomou conhecimento de duas pacientes grávidas de bebês que nasceram com a má formação do cérebro. Adriana Melo suspeitou que estava diante de um novo padrão de microcefalia baseando-se em pacientes que apresentaram manchas vermelhas na pele e coceira durante as primeiras semanas da gravidez.
Severino Lopes
PB Agora
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