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Envelhecimento populacional: especialista paraibana explica causas e consequências

O processo de envelhecimento populacional ocorre de forma natural, mas com etapas diferentes e que levam tempo. Envelhecer não é algo tão simples, pois envolve: melhoria na qualidade de vida; previdência; aposentadoria; plano de saúde, entre outros. Tais fatores fazem com que o ato de envelhecer seja uma preocupação social, perpassando todos os setores de políticas públicas é o que avalia a pesquisadora na área de envelhecimento humano e professora do curso de Psicopedagogia da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Mônica Palitot.

Na última década, a população brasileira cresceu. Em contrapartida, a quantidade de pessoas com menos de 30 anos diminuiu, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). No mesmo fluxo, o número de pessoas em todas as faixas etárias acima de 30 anos aumentou. Ou seja, o brasileiro envelheceu. E, apesar de a velhice fazer parte do ciclo da vida, a sociedade ainda não está preparada para lidar com ela. Palitot, explica que o envelhecimento populacional é realidade não só no Brasil, mas em todo o mundo. De acordo com a professora, este é um fenômeno que também existe na Europa e no Oriente e que, por envolver a organização social, tem desdobramentos e impactos diretos em todo o tecido social. Com mais avós do que netos, o mundo caminha, hoje, para uma sociedade cada dia mais envelhecida.

Em 2019, o relatório World Population Prospects da Organização das Nações Unidas (ONU) apontou que a taxa de natalidade mundial caiu consideravelmente de 1990 a 2019 e deve cair ainda mais até 2050. No ano de lançamento do estudo, o mundo acabara de atingir a marca de 705 milhões de pessoas com 65 anos ou mais (idade projetada em países desenvolvidos como marca para o início da velhice), enquanto havia 680 milhões de crianças com idade entre 0 e 4 anos. Outra realidade é o aumento da expectativa de vida no mundo. O levantamento da ONU demonstrou que a expectativa de vida mundial subiu de 64,2 anos em 1990 para 72,6 anos em 2019. E a projeção é de que suba ainda mais, chegando a pouco mais de 77 anos em 2050.

“Temos aumentado nossa expectativa de vida e estamos vendo o número de nascimentos diminuir. Então, com isso, temos uma sociedade cada dia mais velha e menos crianças e jovens para futuramente integrarem o mercado de trabalho. Isso, com certeza, gera impactos de várias ordens: sociais, econômicas, políticas, etc”, diz Mônica.

Um dos maiores problemas que surgem com o envelhecimento populacional, no entanto, é a dificuldade que a sociedade tem em lidar de maneira respeitosa com a velhice. E esse problema se espraia do individual ao coletivo. De acordo com a pesquisadora, o preconceito contra a velhice (conhecido como etarismo, idatismo ou ageísmo) fica nítido quando o termo “velho” sempre é utilizado como atributo negativo a coisas ou pessoas.

“Existe, na sociedade, essa percepção de que o que é velho não presta mais, principalmente no Ocidente. Nossa cultura de uma juventude eterna, nós estamos deixando de entender a importância do envelhecimento, o quanto ganhamos na velhice e como temos a possibilidade de crescer e nos desenvolver enquanto pessoa. O envelhecimento nos traz essa capacidade de autoconhecimento, de aprimoramento humano, porque decorre dele o nosso amadurecimento”, comentou.

Redação

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