O medo é inevitável. Os cuidados são redobrados nesses tempos. A cada minuto que passa no relógio, a tensão aumenta. O coração pulsa mais forte. O semblante no rusto muda. O desejo de cuidar e salvar vidas é mais forte. E não existe barreiras ou limites para impedir que a missão seja cumprida. Ao término da noite sombria, alguns dos pacientes mais graves podem não ter resistido. Em compensação, para alento da equipe médica, outros apresentam melhoras. Entre a escuridão e a luz, pode brotar um sorriso. E o alívio por mais uma vida ter sido salva.
Na semana em que a Paraíba ultrapassou os 3 mil infectados pelo novo coronavírus, o PB Agora acompanhou virtualmente a árdua mas gratificante jornada de alguns dos profissionais que estão na linha de frente de combate ao Covid-19. São médicos, enfermeiros, infectologistas entre outros profissionais que tiveram para readaptarem a rotina para enfrentar um vírus letal e que se propaga velozmente.
8H da última quarta-feira (13). O plantão do enfermeiro Rafael Heleno vai começar.A correria na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), do Hospital de Emergência e Trauma Dom Luiz Gonzaga em Campina Grande, é grande. A luta dos médicos, enfermeiros e outros profissionais, é para salvar vida. Com a chegada do Covid-19, os profissionais foram obrigados a se cercar de mais cuidados para evitar a contaminação do vírus.
Rafael Heleno coordena a ala do Covid-19 no Trauma. Ele sabe a relevância do seu trabalho nesses tempos de pandemia. E os riscos inevitáveis que corre de ser infectado pelo vírus que já matou mais de 14 mil pessoas no Brasil, das quais,160 na Paraíba. Heleno revelou que a pandemia exigiu dos profissionais de saude, mas atenção O uso dos.Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), é indispensável. Os cuidados para se proteger do vírus foram redobrados, e transcendem as paredes dos hospitais. A preocupação também é para evitar o contágio dos familiares.
Dentro da UTI, a um contraste nítido. Uma correria diante das variações do quadro de saúde dos pacientes, e a solidão silenciosa e incontornável dos doentes mais graves.
Os médicos e enfermeiros devidamente paramentados, observam em monitores dados do quadro respiratório de cada internado, como a saturação, que mede o nível de oxigenação do sangue e é um alerta para a gravidade do quadro. Todos os olhares em computadores e quartos. Os cuidados da UTI com os pacientes mais graves tem precisçao cirúrgica.
A rotina, inteiramente nova para profissionais acostumados a lidar com o limite entre a vida e a morte, inclui cuidados na hora de retirar os EPIS, como capuz e da máscara N-95, usada por médicos e enfermeiros. No intervalo da longa jornada, Rafael Heleno deu uma parada para gravar um vídeo para o PB Agora. E revelou que o plantão estava corrido.
“Com certeza tem sido dias muitos difíceis mas sabemos que vamos superar tudo isso que estamos passado. Quando escolhemos uma profissão na área da saúde, nós sabíamos que iríamos lhe dá com isso a qualquer momento” observou.
Ele disse que toda equipe do Trauma está preparada e se adequando para enfrentar a pandemia.
“Vamos superar tudo isso. Precisamos lembrar que estamos lidando com vidas, e essas vidas precisam sair daqui e ir de encontro a sua família. Lembrando que sempre que essas marcas que ficam dentre da gente, não são físicas. São marcas que estão ficando em nossa alma” afirmou o enfermeiro.
Após 12h de plantão, exaustos e com as marcas do esgotamento visíveis, ele retorna para casa. São e salvo. E com mais um dever cumprido.
A rotina exaustiva de Rafael, é a mesma da enfermeira Mairla Rhayana Bezerra do Nascimento. Ela trabalha na linha de frente de combate ao Covid-19 no Hospital Pedro I em Campina Grande, referência de tratamento a pacientes infectados com o vírus na região. Mairla revelou ao PB Agora, que o momento da saúde mundial é delicado devido a pandemia.
A enfermeira disse que a rotina no Pedro I, também foi alterada em decorrência do Covid. Formada pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), ela não esconde o orgulho da profissão, principalmente nesses dias em que tem ajudado a cuidar e a salvar vidas. A enfermeira contou que uma das maiores alegrias da equipe,é ver o paciente recebendo alta médica, curado da doença. Por outro lado, a tristeza é inevitável, quando um paciente morre em decorrência do Covid-19.
“Estamos vivenciando um momento muito delicado na saúde mundial. É um grande desafio, mas estamos pedindo força a Deus para tudo isso passar rápido” afirmou.
Na semana que a procura pelos serviços da Unidade de Pronto Atendimento (UPA), do Alto Branco, cresceu em Campina Grande, o PB Agora ouviu o depoimento do médico Gabriel Vasconcelos.
Ele trabalha na linha de frente de combate do vírus, e teve a rotina alterada na UPA desde que a Organização Mundial de Saúde (OMS), decretou o Covid-19 como uma pandemia. Essa semana com o crescimento da doença que está prestes a atingir o pico na Paraíba, filas quilométricas foram formadas em frente a UPA. O número de pacientes infectados cresceu. O trabalho de Dr. Gabriel Vasconcelos também.
Em meio a correria, ele relatou ao PB Agora, a sua rotina, os cuidados, a dedicação com os pacientes, e o medo de ser contaminado com o novo coronavírus.
Quando não está em seu consultório, ou trabalhando na UPA, Dr Gabriel vira Gabriel do Cavaco. Nesse momento, ele troca o jaleco pelo violão. Gabriel no momento é um dos compositores mais buscados por duplas sertanejas e grandes bandas de forró em todo o país. Várias de suas músicas foram gravadas por nomes como Wesley Safadão, Gabriel Diniz, Israel Novaes entre outros.
O drama de médicos e enfermeiros se amplia ao ver colegas internados. A quantidade de profissionais de saúde que atuam na Paraíba e foram infectados pela Covid-19, aumentou cerca de 153,9% em uma semana. Mais 220 profissionais de saúde infectados pelo novo coronavírus na Paraíba. A quantidade supera os 10% dos mais de 3 mil infectados, de acordo com o boletim epidemiológico da Covid-19, divulgado pela Secretaria de Estado da saúde nesta terça-feira (12).
Devido ao aumento no número de infectados e de óbitos registrados no estado, o Conselho Regional de Medicina da Paraíba (CRM-PB) propôs a criação de um gabinete de crise para a troca de informações diárias sobre a pandemia de Covid-19, para que as autoridades competentes possam tomar as decisões com base em evidências científicas.
“Os profissionais de saúde estão na linha de frente e precisam de todo o suporte das unidades de saúde para atenderem bem os pacientes e não serem contaminados. Quanto mais médicos infectados, menos profissionais teremos para enfrentar essa batalha”, destaca o presidente do CRM-PB, o médico Roberto Magliano, que foi contaminado pelo coronavírus e está entre os mais de 200 pacientes recuperados na Paraíba.
A Paraíba tinha 3° maior número de enfermeiros do país antes da pandemia do novo coronavírus, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
Severino Lopes
PB Agora
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