A adoção do home office foi uma das alternativas adotadas pelas empresas para manter o distanciamento social e reduzir a circulação de pessoas para preservar a saúde dos funcionários nesse período de pandemia. Embora nem todas as atividades possam ser adaptadas ao regime de trabalho remoto, o home office se tornou realidade, de uma hora para a outra, para uma parcela considerável dos trabalhadores. Vendo essa realidade os fisioterapeutas Amne Zeid e Paulo Henrique Araujo dão dicas para organizar seu home office e evitar a fadiga mental e física.
Segundo Amne Zeid, o trabalho em casa requer alguns cuidados, onde destaca a importância de manter o ambiente de trabalho organizado. Além de separar um espaço exclusivo, é necessário estar atento a detalhes que podem interferir no desempenho profissional, como a iluminação, por exemplo. Zeid explica que um ambiente de trabalho mal iluminado pode gerar fadiga visual, irritação ocular, dores de cabeça, além de estresse, sonolência, irritabilidade e por consequência uma baixa produtividade.
Outro aspecto importante do home office é a montagem do novo ambiente. A profissional da saúde faz uma ressalva de que nem sempre o mobiliário é adequado para fazer um trabalho de escritório, mas dentro da realidade e das possibilidades é preciso fazer as adaptações necessárias para manter o conforto e a saúde do trabalhador. Ela orienta a escolher uma cadeira e uma mesa apropriadas para apoiar as costas e os braços mantendo a postura ereta sem dificuldades. Também recomenda manter a tela do computador na altura do olhar. Em caso de uso de notebook, utilizar teclado acessório e um mouse para que braços e punhos fiquem apoiados sobre a mesa é outra dica. De acordo com a fisioterapeuta, um dos maiores problemas de saúde com os profissionais que trabalham em escritório está nas costas, punhos e braços.
Assim também pensa Paulo Henrique Araujo onde destaca que, durante a pandemia, passou a realizar teleatendimentos e que a demanda relacionada a ergonomia aumentou, o que fez com que ele passasse a usar suas próprias redes sociais, como o Instagram, para produzir vídeos curtos com dicas sobre o tema. Ele explica que, dentro da ergonomia, um dos fatores que mais se fala é sobre a postura. “A postura não é fixa como normalmente se vende. É variável. Existe uma variabilidade muito grande para se dizer o que é certo ou errado, por exemplo: altura, histórico de atividades físicas etc. E isso vai determinar até mesmo o nível de cansaço na produção de trabalho. Quando você está em um ambiente em que você já vive, isso satura mais. Nós sentimos dores ao longo da nossa vida e não conseguimos identificar. Por essa relação [com o corpo] ser restrita, conhecemos muito pouco nossas dores. E, por isso, não conseguimos identificar coisas para nos guiar o que é certo ou errado”, disse.
A exaustão mental já afetava cerca de 30% dos brasileiros antes da pandemia. Acontece que agora as pessoas estão se sentindo exaustas por circunstâncias atípicas, mas que o impacto na saúde mental pode ser remediado com cuidados diários. Para isso, você pode adotar os seguintes hábitos:
• Evite flutuações de horários para acertar o ritmo do seu relógio biológico;
• Fazer pausas periódicas de 3 minutos a cada uma hora de trabalho;
• Fazer exercícios como ginástica online;
• Trocar doces, gorduras e industrializados por verduras, legumes, frutas e carnes magras;
• Manter o contato com amigos e familiares, nem que seja por meio de chamadas de vídeo;
• Bloquear a luz azul das telas com a ajuda de programas como o f.lux;
• Se ainda sentir-se esgotado, busque um auxílio especializado.
Um levantamento, do Banco Original em conjunto com a consultoria 4CO, revelou que 57% das 695 pessoas ouvidas em abril de 2020 se sentem mais cansadas no home office. No entanto, para 78% o trabalho remoto poderia ser uma experiência melhor se não fosse pela pandemia. Portanto, é preciso ponderar que o momento é difícil por questões macro que não têm uma solução fácil e rápida, mas a forma como vamos lidar com esse momento para preservar o bem-estar pessoal está ao nosso alcance.
Redação