O Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos, na Suíça, encerrou suas atividades neste domingo (1º) com o mesmo clima de pessimismo que marcou a abertura do evento. O temor de que a crise mundial leve os governos a adotarem medidas protecionistas dominou os debates.
No encerramento do encontro de cinco dias, os participantes da sessão plenária pintaram um quadro sombrio para a economia, em que “as dores da alta do desemprego, das retomadas de imóveis, das falências e da pobreza estão apenas começando a ser sentidas”.
Os participantes formularam um documento em que pedem aos líderes dos países que continuem a desenvolver uma resposta coordenada “à mais séria recessão global desde a década de 1930”. Segundo o documento final, os líderes governamentais e empresariais terão “pouco tempo” para desenvolver soluções efetivas para a atual crise econômica.
“Nós temos que cuidar de todos os assuntos simultaneamente e não esquecer de nenhum deles, como o aquecimento global. Nós temos que envolver toda a sociedade global nesse processo, para que todos se sintam responsáveis. E acima de tudo nós precisamos restaurar a confiança em nossos sistemas”, afirmou o presidente executivo do Fórum, Klaus Schwab.
Protecionismo
Nos discursos em Davos, líderes empresariais e políticos criticaram abertamente o protecionismo e advertiram que a imposição de restrições ao comércio pode aprofundar e prolongar ainda mais a crise atual. Em vez da liberalização comercial, a pressão protecionista tem avançado em vários países. Do aço nos EUA, aos subsídios para os laticínios na Europa.
O diretor-geral da Organização Mundial do Comércio, Pascal Lamy, voltou a afirmar que o livre comércio se tornou vítima da crise. “O comércio deve ser parte da solução da crise, por seu efeito multiplicador de renda e de empregos e, por isso, é urgente retomar e concluir as negociações globais da Rodada Doha”, disse Lamy.
Em Davos, os ministros do comércio fracassaram mais uma vez em resgatar as negociações da Rodada de Doha. A reunião do G20, marcada para 2 de abril, em Londres, passa a ser a próxima opção para um avanço real.
Mas Klaus Schwab, presidente executivo do Fórum, alertou os participantes a não esperar muito da reunião do G20. Segundo ele, os líderes deverão focar suas atenções em respostas técnicas imediatas para a crise econômica e financeira.
Acordo pelo livre comércio
Representantes de 44 países, incluídos os 27 da União Europeia (UE), produziram uma declaração com três pontos principais: (1) dar máxima prioridade à conclusão da Rodada Doha, tomando como base os pontos acordados até 2008; (2) renunciar à criação de novas barreiras ao comércio de bens e serviços, à imposição de restrições à exportação ou à adoção de medidas de estímulo contrárias às normas da OMC; (3) apoiar esforços para monitorar novas medidas capazes de afetar o comércio.
O ministro do Comércio e Indústria do Egito, Rachid Mohamed Rachid, propôs encontro ministerial antes da próxima reunião do G20. A ideia foi apoiada por vários participantes, mas nenhuma decisão foi tomada por enquanto.
Pressionados pela crise global, governos estão criando barreiras diretamente ou distorcendo o comércio de forma indireta, por meio de pacotes de estímulo econômico. Em tempos de recessão e de desemprego, os governos sofrem pressões para agir dessa maneira, disse Lamy, e as medidas protecionistas tendem a multiplicar-se por um efeito dominó.
Até agora não houve nada dramaticamente ruim, acrescentou, mas há sinais preocupantes e é preciso manter a vigilância. “Os mesmos políticos que falam a favor do livre comércio recebem nos gabinetes lobistas que pedem medidas protecionistas”, afirmou a ministra do Comércio da Suíça, Doris Leuthard.
Medidas
A situação financeira desfavorável e as medidas protecionistas já tomadas por várias potências mundiais causaram uma atmosfera sombria nas conversas em Davos. “A única coisa que está brilhando é o sol”, afirmou o ministro do Comércio da Índia, Kamal Nath, durante uma pausa no encontro.
Para enfatizar as ações contra a crise, a União Européia impôs, neste sábado, taxas de importação de até 85% para parafusos e pinos da China, informou o Jornal Oficial da UE, uma medida que deve causar ação retaliatória da China na Organização Mundial do Comércio.
Nas últimas semanas, grandes potências como os Estados Unidos, China e Alemanha tiveram queda nas exportações no final do ano passado, e o transporte de produtos por via aérea caiu até um quinto em dezembro.
Para o prêmio Nobel de economia, Joseph Stiglitz, Davos este ano foi mais sombrio porque os participantes resolveram dividir os problemas. No balanço final, uma coisa é evidente: a crise ocupou os espíritos e os debates. E a elite econômica governamental e empresarial do planeta volta para casa sem conseguir encontrar soluções.
G1
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