O nosso país tem aproximadamente 30 milhões de pessoas acima de 60 anos de idade e, de acordo com o IBGE, daqui a 25 anos, essa faixa etária deverá ser de um quarto da população brasileira. O envelhecimento populacional é uma tendência mundial. Na Paraíba não é diferente, 14,8% da população têm idade acima de 60 anos, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD anual), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), de 2019, neste sentido foi ouvido a especialista Kely Cristina Pereira Vieira, pedagoga, mestre em Tecnologias da Inteligência, que fala da necessidade da inclusão digital para os idosos.
“Eles começam a fazer parte de algo novo no qual todos os outros membros de sua família já estavam inseridos e eles não”, diz Kely Cristina, ao destacar ainda as principais dificuldades para um idoso aderir à tecnologia. A primeira barreira a ser transposta para imersão dos idosos no mundo da tecnologia é o preconceito. “A princípio, acham que tecnologia não é para eles, depois se encantam”, diz Kely. A segunda é a falta de profissionais capacitados para ensiná-los, já que a metodologia que deve ser usada é diferente da comumente usada para adultos. “A principal diferença é que essa faixa etária tem dificuldade em memorizar o passo a passo para acessar os softwares e aplicativos, por isso precisam de uma sequência bem determinada para aprender. Não podemos sair do padrão”, explica a especialista.
Dicas para ajudar os idosos na sua inclusão digital:
1. O primeiro passo é saber que uma pessoa da terceira idade tem total condição de aprender a usar tecnologias. Mesmo que o processo seja mais lento ou que o uso seja um pouco diferente de como fazem os mais jovens, o importante é saber que a tarefa é possível. Isso é fundamental para desconstruir preconceitos comuns sobre o envelhecimento e também favorece o ensinamento. Logo, conheça a capacidade cognitiva do idoso e com base nela defina a melhor maneira de ensinar — ainda que seja o básico.
2. Para ajudar o idoso a entrar no universo digital, ensine de uma forma que seja fácil de lembrar e de executar. A primeira etapa é simplificar os conceitos e os passos. O ideal é ensinar até os movimentos mais básicos, ainda que pareçam óbvios. Você também deve evitar termos técnicos ou o excesso de informações de uma só vez. Ensine pequenos passos e permita que o idoso absorva. Além disso, vale a pena aproveitar os conhecimentos que a pessoa já tem, contextualizando com tarefas cotidianas. Mostre que tocar a tela do celular pode ser como apertar levemente um botão ou que o carregador é como o fio de um eletrodoméstico, por exemplo. Quanto mais próximo estiver da realidade do idoso, mais fácil é incorporar a tecnologia e suas funções.
3. Ao mesmo tempo, é importante lembrar que uma pessoa na terceira idade pode apresentar condições diferentes dos mais jovens. Isso inclui possíveis limitações físicas, como a baixa visão ou audição. Por isso, procure adaptar o aprendizado para o idoso e o processo de envelhecimento. Ao ensinar tecnologia, considere usar fontes maiores ou ícones mais fáceis de encontrar, por exemplo. Isso fará a diferença quando a pessoa for usar as novas tecnologias sozinha.
4. A tecnologia só pode ajudar a qualidade de vida na terceira idade se o idoso realmente a utilizar. Portanto, vale a pena estimular a prática dos conhecimentos — tanto durante a aprendizagem, quanto depois, no dia a dia. Esse também é um ótimo momento para fomentar a autonomia do idoso. Deixá-lo explorar as opções e funcionalidades por conta própria favorece o aprendizado e poderá ajudá-lo a se ambientar com os recursos.
Da Redação