Os esforços mundiais para combater a tuberculose evitaram cerca de 53 milhões de mortes desde o ano 2000 e reduziram a taxa de mortalidade pela doença em 37% no período, diz relatório global da tuberculose, divulgado nesta segunda-feira (30) pela Organização Mundial da Saúde. No entanto, divulga a entidade, a doença foi a condição infecciosa por agente patológico único que mais ceifou vidas em 2016 — ficando à frente do HIV.
De acordo com a OMS, a tuberculose também é a principal causa de óbitos relacionados à resistência bacteriana e a principal causa de morte entre pessoas com HIV. A organização também alerta que muitos países não estão colocando em curso esforços suficientes para atingir as metas globais de controle da doença.
Em 2016, havia cerca de 10,4 milhões de novos casos de tuberculose em todo o mundo, dos quais 10% eram de pessoas vivendo com HIV. Sete países, diz a OMS, representaram 64% da carga total: Índia está à frente, seguida pela Indonésia, China, Filipinas, Paquistão, Nigéria e África do Sul.
Estima-se que, em 2016, 1,7 milhão de pessoas morreram de tuberculose, incluindo cerca de 400 mil pessoas que vivem com HIV: uma queda de 4% em relação à 2015.
Brasil
No relatório, o Brasil aparece com uma incidência de tuberculose de 42 casos a cada 100 mil habitantes; número acima da média do continente americano, que é de 27 casos a cada 100 mil.
A entidade citou o Brasil como exemplo de politica pública para garantir a notificação – já que o país vinculou a entrega de medicamento à notificação do caso.
O país não se saiu bem, no entanto, em relação aos co-infectados com HIV. Segundo a entidade, em 2016, menos de 50% dos pacientes com tuberculose e HIV estavam sendo tratados com medicações antirretrovirais.
No país, 13% dos casos de tuberculose ocorreram entre pessoas co-infectadas pelo HIV.
Resistência à antibiótico, subnotificação e falta de diagnóstico
Um dos principais entraves para conter o avanço da doença é o fenômeno da tuberculose multirresistente — que não responde aos principais antibióticos existentes para tratar a condição. Quase metade desses casos estava na Índia, na China e na Federação Russa, diz a OMS.
A entidade estima em 600 mil os novos casos com resistência à rifampicina — o medicamento de primeira linha mais efetivo; desses, 490 mil apresentavam tuberculose resistente.
Em países com sistemas de saúde fracos, diz a OMS, há evidências de falta de diagnóstico e de subnotificação, o que impede ações mais efetivas de saúde pública. A OMS estima que, dos 10,4 milhões de novos casos estimados em 2016, apenas 6,3 milhões foram detectados e notificados oficialmente, o que deixou uma lacuna de 4,1 milhões.
Os gargalos para a notificação, segundo a OMS, estão em países como Índia, Indonésia e Nigéria — que representariam cerca de metade dessa lacuna de casos não notificados.
Entre os infectados com HIV, 15% dos casos não estavam em tratamento com medicações antiretrovirais. A maior parte deles está localizada na África.
A OMS estima em US$ 9,2 bilhões os investimentos necessários para o tratamento e a prevenção de novos casos em países de renda baixa e média. Também mais US$ 1,2 bilhão seria necessário para acelerar o desenvolvimento de novos tratamentos, vacinas e diagnósticos.
G1
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