Com o passar dos anos, as quedas se tornam mais comuns para os idosos, na mesma medida que são também mais perigosas. Segundo o levantamento do Hospital Estadual de Emergência e Trauma Senador Humberto Lucena, em João Pessoa, houve um aumento nos atendimentos por queda entre idosos, em 2022. De janeiro a novembro, foram atendidos 4.785 idosos – um aumento de 39% se comparado com os índices do mesmo período do ano passado (3.445), acendendo um alerta para os maiores de 60 anos.
No último trimestre (setembro a novembro), deram entrada 1.362 idosos, vítimas de quedas, em comparação ao mesmo período em 2021, foram 1.043, um aumento de 30,5%. De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as quedas são a terceira causa de mortalidade entre as pessoas com mais de 65 anos no Brasil.
De acordo com o médico Rafael Teixeira, entre as consequências graves estão as fraturas. “No Hospital de Trauma as principais fraturas em idosos são de fêmur, úmero e clavícula. A fratura do fêmur é mais delicada, pois o idoso vai ficar mais tempo deitado e sem mobilidade, aumentando as comorbidades, por isso, o risco de morte é elevado”, frisou.
Segundo o diretor-geral do Hospital de Trauma, Laecio Bragante, há uma preocupação constante do hospital com relação às quedas de idoso. “Criamos o Centro de Assistência Avançada do Trauma do Idoso [CAATI], o único centro do Norte/Nordeste voltado exclusivamente para esse tipo de tratamento. Nosso trabalho é para que o idoso permaneça no máximo cinco dias em nossa unidade de saúde. Esse tempo de permanência curto, torna-se muito significativo, uma vez que, o idoso quando fica muito tempo no leito, maior é o número de comorbidades (trombose, úlcera de pressão, infecções respiratórias e atrofias musculares), o que pode debilitar ainda mais esse paciente”, ressaltou.
José Wilson da Silva, que está com o pai internado no CAATI, Pedro Jerônimo da Silva, 88 anos, escorregou no tapete da sala. “Foi num piscar de olhos. Eu estava fazendo a barba do meu pai, acredito, porque ele ficou muito tempo sentado, ficou tonto ao se levantar, caiu e quebrou o fêmur. A gente nunca acha que pode acontecer. Agora, quando voltar para casa, vou fazer uma recolocação dos móveis para nunca mais esse tipo de acidente ocorra novamente lá em casa”, comentou.
Laecio Bragante informa que a maior parte dos acidentes pode ser evitada com medidas básicas. “A gente costuma dizer que as armadilhas estão dentro da própria casa, então é importante retirar obstáculos como tapetes que às vezes ficam soltos. É sempre importante estar com um calçado com solado de borracha, de preferência fechado. Barras de apoios no banheiro, corrimão na parte da escada, etc. É preciso lembrar sempre: cuidar bem daqueles que um dia cuidaram de nós”, explicou.
Para evitar quedas em casa, a Caderneta de Saúde da Pessoa Idosa, criada pelo Ministério da Saúde, lista algumas medidas de prevenção. Confira abaixo:
•evitar tapetes soltos
•Escadas e corredores devem ter corrimão nos dois lados
•usar sapatos fechados com solado de borracha
•colocar tapete antiderrapante no banheiro
•evitar andar em áreas com piso úmido
•evitar encerar a casa
•evitar móveis e objetos espalhados pela casa
•deixar uma luz acesa à noite, para o caso de precisar se levantar
•esperar que o ônibus pare completamente para subir ou descer
•utilizar sempre a faixa de pedestre
•se necessário, usar bengalas, muletas ou outros instrumentos de apoio
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