O novo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, que já entra na pasta com um desgaste incrível, fruto das ações mais que equivocadas do seu antecessor, general Eduardo Pazzuello, que seguia cegamente as ordens do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido), cometeu o seu primeiro deslize em suposta submissão ao trono do “mito” e toda a sua família “real”.
Busquei não fazer alarde e dar ao neófito da pasta a legitimidade da dúvida, mas observo que ele será um mero ventríloquo de Bolsonaro, a julgar suas declarações subservientes. Falou Queiroga, que é presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia e paraibano da chamada “gema”, sobre o processo da política de saúde adotada pelo inquilino do Palácio da Redenção em relação à pandemia: “É do governo Bolsonaro, e não do ministro da Saúde”.
Um absurdo que mostra sua fragilidade, quase débil, perante o cargo que hoje ocupa. Entra na pasta outra possível marionete.
Mesmo sendo um cidadão da direita conservadora, o que nada desabona sua conduta, risco há, e muito, para seu currículo. E não falo do academicismo, e sim, o da vida privada. Dele e dos cidadãos brasileiros. O povo não aguenta mais massacres.
Assume ele uma pasta derrotada, que não conseguiu entender que o mundo inteiro está, claro, em processo de pandemia e o Brasil é referência negativa mundial no que diz respeito à negligência em relação à enfermidade causada pelo novo coronavírus.
O Brasil, hoje, é uma arma biológica que ameaça a humanidade. Todos os dias a pátria que um dia foi de chuteiras ergue a taça como campeã de infectados e mortos pela Covid-19 diariamente. Não há o grito de gol, mas de desespero e morte.
Mesmo sendo Marcelo Queiroga um renomado médico com boas referências internacionais, um pró-ciência, que defende o isolamento social, o uso de álcool em gel para a assepsia das mãos e máscaras como medidas protetivas para impedir o avanço da enfermidade, é quase certo que não terá ele barreiras para estancar o dedão de Bolsonaro. Um negacionista no que diz respeito ao vírus letal e todas as suas formas de controle.
Sem torcer contra, mas sendo realista, pode ter uma segunda edição do célebre raciocínio de um dos seus três antecessores, o oncologista Nelson Teich, que pediu demissão após 29 dias no cargo. Saiu da pasta com a direta frase diante do “mito”: “É o dia mais triste da minha vida”, disse após a reunião com funcionários do ministério. “Não vou manchar a minha história por causa da cloroquina”.
Então, doutor Queiroga, se as problemáticas vierem, e virão bem mais intensas que as da atualidade, solicite sua saída; do contrário fará parte de uma política voltada à saúde com sabor de Gestapo e trens para Auschwitz. Sua pessoa não terá autonomia em nada. Mas sonhar pode, por enquanto.