Voltar a enxergar o mundo com o olho esquerdo foi a grande conquista da vida do redator publicitário, podcaster e músico Marcelo Fontes, de 24 anos. Um transplante de córnea, realizado por meio da Central Estadual de Transplantes, no último mês de abril, mudou a vida do jovem que não conseguia realizar atividades simples do dia a dia.
Marcelo tinha 21 anos quando foi diagnosticado com ceratocone, uma doença progressiva que atinge a córnea, deixando-a em formato de cone e tornando a visão embaçada e irregular. A evolução do problema pode até levar à cegueira total.
Morador de João Pessoa desde 2014, cerca de dois anos depois, o jovem natural de Rezende (RJ) começou a perceber que a visão estava ruim. “Por medo de ser algo grave e muito trabalho eu fui adiando a ida ao médico. Ficar cego era meu maior medo de infância”, revelou Marcelo.
O diagnóstico veio após algumas consultas com uma oftalmologista. A solução apresentada para o olho esquerdo, mais comprometido, era o transplante. No olho direito ainda era possível estacionar o avanço da doença, e assim foi feito por meio de uma cirurgia.
“Ceratocone é uma doença que evolui muito rápido, eu estava deixando de fazer muita coisa por causa da visão, por exemplo, fazer a barba e dirigir. O transplante era algo muito distante pra mim. Fiquei muito assustado”, contou.
Com 25% da visão, Marcelo entrou na lista de espera da Central. A notícia de que a vez dele havia chegado veio no último dia 28 de abril. A cirurgia foi feita dois dias depois.
“Quando começou a pandemia eu tinha certeza de que não ia acontecer, mas no dia dia 28 de abril de 2021 eu recebi uma ligação do hospital falando que tinha chegado uma córnea pra mim. Foi a melhor notícia da minha vida, fiquei um tempo sem acreditar, chorei muito, e aí foi a correria pra realizar os exames pré-cirurgia”, disse.
Passados pouco mais de três meses, a recuperação de Marcelo segue com sucesso. “Eu já consigo enxergar muito melhor que antes, fazer coisas que eu não conseguia fazer. Eu tenho muito que agradecer ao meu doador e à família dele, por terem pensado nessa possibilidade e decidido que ele seria um doador de órgãos. Também sou muito grato a toda equipe que cuidou de mim. A doação de órgãos e o SUS mudaram minha vida”, finalizou.
Em 2021, a Central Estadual de Transplantes já realizou 112 cirurgias de córneas, e 362 pacientes ainda continuam na fila de espera. A previsão é de zerar a fila até o fim do ano.
PB Agora