A pandemia do novo coronavírus (COVID-19) é a maior emergência de saúde pública que a comunidade internacional enfrenta em décadas. Além das preocupações quanto à saúde física, traz também preocupações quanto ao sofrimento psicológico que pode ser experienciado pela população geral e pelos profissionais da saúde envolvidos. Neste sentido o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker, disse que a pandemia agravou a situação psicológica de muitos brasileiros, principalmente, para os que tiveram o diagnóstico positivo para a covid-19.
“Muitas vezes o diagnóstico cai em um momento em que já estamos pesados e fatigados dessa carga após passar tanto tempo em privação, em isolamento. É também um momento psíquico de luto, perdemos muitas vidas, da perda de projetos também. Representando um enfrentamento com o traumático com essa situação repentina e traumática. Essa é a linha base do sofrimento psíquico. Quando a gente restringe as pessoas a ficarem em casa. Muitas vezes aumentando os conflitos, o afastamento de espaços e amigos… Tudo isso cria, com o passar do tempo, um sentimento de esgotamento associado ao trabalho feito por tela que suga as energias psíquicas. Então com o diagnóstico, esse quadro é reprisado e dificulta para que as pessoa enfrentem a doença. A covid-19 exige uma clareza psíquica para ser enfrentada”, afirmou o psicanalista.
O objetivo da matéria é sistematizar conhecimentos sobre implicações na saúde mental e intervenções psicológicas diante da pandemia do novo coronavírus. O Brasil se aproxima da marca dos 130 mil mortos em decorrência da covid-19. Mesmo com o número crescente, um movimento de normalização das mortes é assistido há meses. O psicanalista analisa a situação como resquício de raízes históricas nunca enfrentadas ou solucionadas pela sociedade brasileira. “Viemos de um passado de pouco valor a vida… É uma necropolítica, a política do deixar morrer, do pouco valor a vida. A gente desistiu de melhorar e isso não está bom. Cada vida vale a pena, isso faz diferença para suicídio, para assassinatos, para doenças, para tudo”, disse Lenz Dunker.
Redação